'Auxílio emergencial não pode ser objeto de chantagem', diz Dilma
A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) criticou a postura do atual presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) em relação à pandemia e afirmou que o auxílio emergencial não poder ser utilizado como "chantagem" para que governadores não adotem mediadas restritivas em seus estados.
"O auxílio emergencial não pode ser objeto de chantagem. É justamente quando o país está no auge da pandemia, com 251 mil mortes, colapso hospitalar e falta de vacinas, que os pobres devem receber uma renda mínima do Estado para sobreviver e alimentar suas famílias sem se expor à morte, à doença e ao colapso dos serviços de saúde", disse Dilma em nota publicada na tarde de ontem em seu site.
Na sexta-feira (26), durante discurso no Ceará, Bolsonaro afirmou que o governador que tomar medidas de restrição de atividades é quem deve bancar o auxílio emergencial, que o governo estuda começar a pagar a partir de março com quatro parcelas de R$ 250.
"O auxílio emergencial vem por mais alguns meses e, daqui para frente, o governador que fechar o seu Estado, que destrói o seu Estado, ele que deve bancar o auxílio emergencial", disse Bolsonaro em seu discurso.
Em sua nota, Dilma criticou a declaração de Bolsonaro e disse que o presidente deu mau exemplo ao gerar aglomerações e desprezar o uso de máscara em público.
"No Ceará, o presidente negacionista Bolsonaro se superou: conseguiu ser pior do que ele mesmo, pois causou aglomerações, desprezou o uso de máscara para enfrentar a pandemia, negou a gravidade da doença e chantageou os governadores", afirmou.
De acordo com a petista, punir os governadores fere a cláusula pétrea da Constituição Federal, como o respeito ao princípio federativo e o dever do estado de prover saúde como direito de todos.
"É uma atitude genocida, pois acrescenta ao desprezo pelas medidas para barrar as doenças e as mortes a chantagem, com o objetivo de impedir que os governadores o façam", declarou.
Dilma afirmou ainda que o Congresso, ao votar a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) Emergencial, tem o dever de barrar qualquer tentativa do governo federal de utilizar o auxílio emergencial com o intuito de chantagear governadores.
"Precisamos de um mutirão pela vida. Um pacto capaz de impor o uso obrigatório de máscaras, distanciamento social, veto a aglomerações, auxílio emergencial até o fim da pandemia e vacinas para todos, já", disse.
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