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Natura planeja ter 30% de postos de lideranças com grupos sub-representados

João Paulo Ferreira, CEO global da Natura, no Roda Viva - Reprodução/TV Cultura
João Paulo Ferreira, CEO global da Natura, no Roda Viva Imagem: Reprodução/TV Cultura

Do UOL, em São Paulo

24/05/2021 23h34

João Paulo Ferreira, CEO global da Natura, afirmou hoje que a empresa tem a meta de 30% das posições de liderança ocupadas por pessoas de grupos sub-representados — negros, indígenas e pessoas LGBTQIA+. Para ele, o caminho para alcançar esse objetivo são políticas de ações afirmativas.

Questionado sobre qual é o cenário atual de diversidade na empresa, Ferreira relatou no programa Roda Viva, da TV Cultura, que 7% do corpo gerencial é composto por pessoas negras. Além disso, apenas um dos 13 membros do conselho da empresa é negro.

Ainda no tema da diversidade, o CEO apontou ainda que hoje em dia 51% dos gerentes são mulheres. O número foi considerado satisfatório por ele, uma vez que está minimamente equilibrado à população brasileira.

Os entrevistadores, porém, acreditam que a quantidade é insuficiente, uma vez que os produtos da empresa são majoritariamente consumidos por mulheres e que, como mostrou o próprio João Paulo Ferreira, 90% das consultoras são mulheres.

Questionado, o CEO respondeu que para ele o melhor caminho para atingir as metas de diversidade da empresa é a adoção de políticas de ações afirmativas. "Sou totalmente favorável a políticas afirmativas, caso contrário fica muito difícil romper essas práticas historicamente discriminatórias".

Ele ressaltou que tais medidas já são parte da realidade da empresa, mas acredita que os processos ainda precisam ser acelerados.

Os desafios da sustentabilidade

Conhecida por, há anos, defender pautas ambientais e de sustentabilidade, a Natura enfrenta agora desafios neste campo. Em meio a um contexto de desmonte de políticas de proteção ao meio ambiente, João Paulo Ferreira confirmou que, nos foros internacionais, existe desconfiança em relação ao Brasil.

"O Brasil precisa fazer uma proposta para o século XXI, não ficar na agenda do passado", defendeu. Ele se mostrou otimista em relação à atuação conjunta de empresas em defesa de políticas de sustentabilidade. "Eu vejo positivamente muitos agentes da sociedade através dessas coalizões propondo um plano bem estruturado".

Por outro lado, ele relatou que a interlocução com o governo federal "está sendo um pouco difícil". Ferreira esteve entre um grupo de empresários que se reuniu com o vice-presidente Hamilton Mourão para tratar desta agenda em julho do ano passado e contou que depois disso, eles não obtiveram retorno de Mourão.

O que nós estamos vendo é que os resultados não estão acontecendo, não há uma mudança relevante nas políticas ambientais no país".

Mesmo assim, o CEO da Natura disse esperar que a pressão de empresários e da sociedade civil e a realização da COP 26, a conferência das Nações Unidas para o Clima, que acontecerá no fim deste ano, possam causar uma mudança no comportamento do governo.

"A minha ambição é fazer com que a Amazônia seja conversa da mesa de jantar", resumiu sobre o posicionamento da empresa ao comentar ações publicitárias da empresa que viraram assunto nacional.