Com mudanças, Guedes vai compartilhar com centrão poder sobre o Orçamento
A recriação do Ministério do Emprego e da Previdência reduz a influência do ministro da Economia, Paulo Guedes, na definição das políticas trabalhistas, avaliaram técnicos da equipe econômica e parlamentares ouvidos pelo UOL. Apesar disso, eles declaram que a mudança no Ministério da Economia tem menor importância perto da influência que o centrão passará a ter nas decisões orçamentárias, com a possível nomeação do senador Ciro Nogueira (PP-PI) para a Casa Civil.
O ministro da Casa Civil compõe a Junta Orçamentária, junto com o ministro da Economia. São eles que decidem a distribuição de recursos para cada ministério e entregam uma proposta de Orçamento ao presidente da República.
Técnicos da Economia e parlamentares ouvidos pelo UOL declararam que o centrão terá forte influência na elaboração da proposta orçamentária do próximo ano, que deve ser enviada ao Congresso até 31 de agosto. O temor entre os auxiliares de Guedes é que o governo dê uma guinada para aumentar os gastos públicos e abra mão da responsabilidade fiscal.
Agenda liberal pode ruir, dizem parlamentares
O aumento da influência do centrão na definição do Orçamento da União e no Palácio do Planalto foi visto com temor por parlamentares do PSL fiéis ao presidente Bolsonaro ouvidos pelo UOL reservadamente.
Segundo eles, as pressões por mais cargos e verbas para obras públicas podem fazer ruir a agenda liberal de Guedes. Com a proximidade das eleições, os deputados e senadores declararam que a busca pela reeleição pode comprometer a agenda de reformas.
Bolsonaro se elegeu pelo PSL, mas deixou a legenda depois, brigado com alguns parlamentares.
Guedes mantém controle da política econômica, dizem parlamentares
A ida de Nogueira para a Casa Civil obrigará o governo a abrigar o atual ministro da pasta, Luiz Eduardo Ramos, na Secretaria Geral da Presidência da República. Com isso, o atual titular da secretaria, Onyx Lorenzoni, será deslocado para o novo Ministério do Emprego e Previdência.
Parlamentares e técnicos da equipe econômica avaliaram que Guedes manterá o controle da política econômica porque ainda manterá sob sua influência os antigos ministérios do Planejamento, da Fazenda e da Indústria e Comércio. Historicamente, as três áreas tinham posições divergentes na concessão de incentivos fiscais ou na criação de programas sociais, e isso acabou quando as três pastas foram unificadas.
Auxiliares de Guedes admitiram que o ministro sempre relutou em abrir mão de alguma das áreas que controla. Mas declararam que a perda de influência sobre as políticas de emprego e Previdência não compromete o posicionamento do Ministério da Economia de buscar reduzir os gastos públicos e realizar reformas e privatizações.
A ida de Nogueira para a Casa Civil é apontada por auxiliares de Bolsonaro como um gesto político do governo aos integrantes do centrão no Senado, que dão apoio ao presidente na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid-19. Na Câmara, o centrão foi contemplado com a indicação de Flávia Arruda (PL-DF) para comandar a Secretaria de Governo.
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