Senado trabalha para reduzir em até R$ 3 preço do combustível, diz relator
O senador Jean Paul Prates (PT-RN), relator do projeto sobre ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) no Senado, disse que o Congresso trabalha em um conjunto de ações legislativas que visam reduzir os preços dos combustíveis e do botijão de gás na conta do consumidor final ao "tirar de quem ganhou excepcionalmente".
Conforme o senador, deve ser criada uma "conta de compensação" com fundos de lucros obtidos pelo governo com a "alta excepcional do dólar e do petróleo", a fim de "garantir o preço internacional para o refinador e para o importador", mas também um "preço mais acessível e condizente" com a realidade do país para o consumidor final. Assim, ele garante que o impacto desse pacote acarretará em uma "diminuição potencial" de até R$ 3 no diesel e na gasolina, e de até R$ 20 no botijão de gás de 13kg em um período de até 40 dias, a partir da aprovação pelo Executivo.
Em entrevista à CNN Brasil, Prates explicou que pautas que "estavam flutuando entre a Câmara e o Senado" foram aglutinadas. As pautas em questão são o PL (Projeto de Lei) 1472/2021, que visa a criação de uma conta para estabilizar os preços, aprovada anteriormente na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado e que deverá ser pautada pelo Plenário após o fim do recesso parlamentar em fevereiro; e a outra diz respeito ao PLC (Projeto de Lei Complementar) 11/20, aprovado na Câmara em 2021, que prevê que o ICMS fique invariável frente aos reajustes do preço do combustível nas refinarias e também às mudanças de câmbios.
"São dois projetos principais: Um estabelece uma conta de compensação, não é um fundo, onde você pergunta: 'Quem paga o subsídio ao consumidor quando o preço disparar?', que é o caso de dois anos para cá. Se a gente já tivesse feito essa conta de compensação, teríamos alimentado essa conta quando o preço baixou na pandemia, quando o preço do petróleo chegou a zero em alguns momentos, e teríamos agora saldo nessa conta para subsidiar uma alta sustentada", iniciou.
Segundo o relator, é preciso colocar dinheiro nessa conta inicial e, pensando nisso, o Senado aprovou aquilo que ele chamou de uma "solução justa".
"Quem que ganhou com a alta? A Petrobras e o governo federal, ganharam dividendos, os royalties aumentaram, participações governamentais na indústria do petróleo aumentaram, também as reservas internacionais se valorizaram, também alguns fundos estatais que têm superávit ganharam com isso. Então a gente pega todas essas fontes, normalmente vinculadas à alta excepcional do dólar e do petróleo, joga numa conta de compensação e permite que se faça o seguinte: Garantir o preço internacional para o refinador e para o importador para ele não deixar de investir, e para o consumidor garantir preços mais acessíveis e condizentes com a nossa condição de país autossuficiente em produção de petróleo", explicou.
A outra parte projeto, diz Jean Paul Prates, refere-se ao ICMS cobrado na porta da refinaria, com o estabelecimento de um valor fixo em real por metro cúbico. Segundo detalhou, os estados que dependem economicamente do ICMS, mas não são produtores de petróleo, também serão beneficiados, e os governadores "não poderão reclamar", pois, garante, não perderão em arrecadação.
"Os estados que dependem muito do ICMS para a economia e não são produtores de petróleo, da forma como vamos trabalhar, não poderão dizer que perderão em arrecadação, porque nós vamos pegar esse valor em reais e calcular de acordo com a variação dos últimos seis meses, só que congelando num valor fixo, de maneira que os governadores fiquem oscilando suas receitas de acordo com os preços de referência e, de 6 em 6 meses, este valor de ICMS em reais será revisto", contou.
"O impacto do pacote que estamos preparando é de R$ 2 a R$ 3 reais de diminuição potencial do combustível líquido - diesel e gasolina -, e um impacto de R$ 10 a R$ 20 reais no botijão de gás de 13kg para o consumidor final", destacou, ressaltando que o Congresso não pretende criar uma fórmula mágica, mas, sim "propiciar o instrumental, contas financiadas por fundos que têm a ver com a receita extraordinária do petróleo", pois, uma vez que "o estado lucrou com a alta, ele devolve para o consumidor na forma de amortecimento, sem afetar a capacidade de investimento dos refinadores e importadores".
Por fim, Prates reforçou que, embora tratem-se de projetos diferentes, eles são complementares, pois um "estabelece a monofasia e a questão da alíquota em reais por metro cúbico", enquanto o outro "ataca o preço de referência na porta da refinaria". O produto final seria essa conta de compensação para ser usada "apenas em períodos de altas excepcionais".
"Essa conta é financiada com dividendos que a Petrobras paga ao governo federal, fundos estatais que têm superávit, reservas internacionais, royalties e participações governamentais e outras receitas petrolíferas", completou, pontuando que a lógica por trás disso é que quem ganhou com os preços altíssimos, devolva à sociedade brasileira na forma de compensação.
"A gente espera que o Executivo seja capaz de provocar uma redução de R$ 2 a R$ 3 no preço da gasolina e do diesel em 40 dias, e de R$ 10 a R$ 20 no gás de cozinha, também em 40 dias. Depois é administrar a conta da forma mais inteligente: Alimentando quando o preço estiver baixo lá fora e jogando dinheiro nela para subsidiar quando o preço estiver excepcionalmente alto, como está agora."
Senador fala em interferir no mercado de combustíveis
Ontem, em entrevista ao UOL News, o senado Jean Paul Prates afirmou que não há outra solução senão interferir no mercado de combustíveis — o relator fez essa declaração ao repercutir uma fala do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de que vai analisar o projeto para segurar o preço dos combustíveis no início de fevereiro, quando o recesso parlamentar termina.
"O que acontece lá fora imediatamente é refletido aqui. Somado ao efeito do dólar e a desvalorização da nossa moeda, a receita do insucesso é essa que está aí, preços [dos combustíveis] lá nas alturas. (...) Porém, a mágica consiste em não desfavorecer a ponto de afugentar investimentos de refino e importação de combustível. Portanto, as receitas de quem produz esses combustíveis."
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