Caged: Brasil criou 2,7 milhões de vagas com carteira assinada em 2021
O Brasil criou 2,73 milhões de vagas com carteira assinada em 2021, segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados hoje pelo Ministério do Trabalho e Previdência. O número é a diferença entre 20.699.802 admissões e 17.969.205 desligamentos registrados todo o ano.
Em pronunciamento à imprensa, o ministro Onyx Lorenzoni afirmou que esse é o melhor resultado da década. Porém, como a metodologia do levantamento mudou em janeiro de 2020, só é possível comparar o resultado com os números daquele ano, em que o saldo ficou negativo em 191.455 empregos, após uma revisão anunciada em novembro e atualizada hoje. Antes, o governo havia informado um saldo positivo de 142.690 postos de trabalho.
As revisões do Caged são feitas periodicamente na base de dados do Ministério do Trabalho e Previdência, responsável pelo Caged. Isso porque as empresas têm até 12 meses para informar ao governo as contratações e demissões feitas em cada mês do ano. Ou seja: se um trabalhador foi demitido em dezembro de 2020, por exemplo, a companhia tem até dezembro deste ano para fazer a declaração, o que acaba influenciando os resultados mensais.
Os números positivos do Caged contrastam com a taxa de desemprego geral no país, que ficou em 11,6% no último trimestre de 2021, atingindo 12,4 milhões de pessoas. Apesar de o número ser o menor desde janeiro de 2020 (11,2%), os trabalhadores estão ganhando menos. O rendimento real caiu a R$ 2.444, menor número da série histórica, iniciada em 2012. Os dados foram divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na última sexta-feira (28) e se referem ao total de empregos, com e sem carteira assinada.
Dezembro quebra sequência de 11 meses e fecha com saldo negativo
Apesar do resultado positivo no acumulado de 2021, o mês de dezembro teve saldo negativo, com mais desligamentos que admissões. O país fechou 265 mil vagas de emprego no mês passado, resultado de 1,43 milhões de admissões e 1,7 milhões de desligamentos.
Esse foi o primeiro resultado negativo em 11 meses. O resultado piorou em relação a novembro, quando 324,1 vagas foram criadas, e em relação a dezembro de 2020, quando 82,1 mil postos fecharam.
Segundo o ministro Onyx Lorenzoni é comum que o mês tenha resultado negativo, já que é quando as empresas fecham vagas temporárias.
O salário médio de admissão no mês foi de R$ 1.793,34. Em dezembro do ano anterior, foi de R$ 1.735,39, mas corrigindo o valor pelo IPCA, o valor fica em R$ 1.935,77 —o que representa queda real.
4 setores com saldo negativo
Quatro dos cinco setores da economia tiveram saldo negativo na criação de empregos formais em dezembro. São eles:
- Serviços (-104.670 postos)
- Indústria geral (-92.047 postos)
- Construção (-52.033 postos)
- Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-26.073 postos)
Apenas o comércio registrou alta, com 9.013 novos postos.
Divisão por região
Nenhuma região do país teve mais contratações que demissões em dezembro, ainda segundo o Caged. Veja abaixo:
- Sudeste (-136.120 postos)
- Sul (-78.882 postos)
- Centro-Oeste (-21.476 postos)
- Nordeste (-15.823 postos)
- Norte (-13.375 postos)
Apenas dois estados tiveram saldo positivo em dezembro, Alagoias (615 postos) e Paraíba 961 postos). As unidades federativas com o menor saldo foram Paraná (-24.346 postos) e Santa Catarina (-36.644 postos).
Metodologia
Desde janeiro do ano passado, o uso do Sistema do Caged foi substituído pelo Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial) para as empresas, o que traz diferenças na comparação com resultados dos anos anteriores.
Na metodologia anterior (de 1992 a 2019), o melhor resultado para novembro na série sem ajustes havia sido em 2009, quando foram criadas 246.695 vagas no penúltimo mês do ano.
*Com Estadão Conteúdo
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