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Pringles, Subway, Alpino e mais comidas que não são bem o que prometem

Cereja em conserva é feita de chuchu; saiba outros alimentos industrializados que prometem, mas não entregam - Banco de Imagens
Cereja em conserva é feita de chuchu; saiba outros alimentos industrializados que prometem, mas não entregam Imagem: Banco de Imagens

Matheus Brum

Colaboração para o UOL

29/04/2022 09h07

O caso do McPicanha, novo produto do McDonald's, não é tão exceção. A empresa afirmou nesta terça-feira (27) que a carne do hambúrguer não é mesmo feita de picanha, mas possui um molho sabor picanha. A repercussão foi tanta que ele foi tirado do cardápio.

Jesualdo de Almeida Júnior, presidente da Comissão de Direito do Consumidor da secional São Paulo da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) explicou em reportagem do UOL Economia que a comunicação fere o Código de Defesa do Consumidor (CDC).

Outros produtos foram contestados nos últimos anos por prometerem algo no anúncio e não entregarem exatamente a mesma coisa. Os questionamentos que alguns receberam foram na ordem da Defesa do Consumidor.

Veja alguns a seguir:

Batatinhas do McDonald's

Batatas fritas do McDonald's - iStock/Getty Images - iStock/Getty Images
Batatas fritas do McDonald's
Imagem: iStock/Getty Images

A empresa também teve que lidar com uma outra polêmica: há diferença no tamanho das batatas fritas vendidas pela empresa? No cardápio, há a opção da batata pequena, média e grande. No entanto, um vídeo compartilhado no TikTok do UOL, mostra que a diferença não é considerável entre os três tipos de produto.

A pequena tem 84 g, a média 108 g e a grande 114 g.

@uol Será que as batatas do McDonald's são iguais? A empresa diz que elas atendem a diferentes perfis de consumidores. Fomos investigar! #mcdonaldsfries ? som original - uol

Neste caso, não houve irregularidade sanitária e o McDonald's não sofreu nenhum questionamento relacionado à Defesa do Consumidor, então ficou só o alerta para quem assistiu.

Subway sem frango

Um estudo feito a pedido do programa CBC Marketplace, do Canadá, mostrou que os produtos de frango do Subway não tinham frango. Segundo o levantamento, no frango assado foram encontrados 53,6% de DNA de frango. Já nas tiras, menos ainda, 42,8%. O restante, nos dois casos, era soja.

As análises foram feitas pela Universidade de Trent, no Canadá. A Subway contestou os números e disse que menos de 1% dos produtos eram feitos com soja.

"Usamos este ingrediente para ajudar a estabilizar a textura e umidade. Todos os nossos itens de frango são feitos 100% de carne de frango", afirmaram, em comunicado ao programa de TV.

Não houve questionamento jurídico neste caso.

Atum que não é atum

Subway; sanduíche vendido nos EUA - Divulgação - Divulgação
Sanduíche do Subway
Imagem: Divulgação

Anos depois, houve o questionamento sobre o sanduíche de atum da rede Subway. Uma investigação feita pelo The New York Times relatou que o atum oferecido nos sanduíches não era, de fato, atum. O jornal pediu para um laboratório fazer as análises de DNA, mas não foram encontrados materiais genéticos da espécie.

A própria reportagem indicou duas possibilidade: ou não existe mesmo atum no recheio ou o material genético foi afetado.

Até chegar nas mãos do cliente, o atum passa por uma série de procedimentos: é pescado, cortado, cozido, congelado, conservado e enlatado. Depois disso ainda é misturado com maionese e prensado, para aí sim chegar ao sanduíche. Isso pode afetar o DNA, dizem os especialistas ouvidos.

De acordo com a Lista de Frutos do Mar (The Seafood List), organizada pelo FDA, autoridade sanitária em alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, há 15 espécies de peixe que podem ser rotulados como "atum".

Em declaração, o Subway afirmou que vende apenas atum-bonito e albacora, espécies que seriam identificadas como Katsuwonus pelamis e Thunnus albacares pelo laboratório.

A investigação do NYT veio na esteira de um processo contra o Subway, que usou testes de laboratório independentes de "várias amostras" para alegar que não havia atum integralmente no sanduíche e a rede estaria "economizando quantias substanciais de dinheiro na fabricação dos produtos porque o ingrediente fabricado que eles usam no lugar do atum é mais barato."

A investigação revelou o quão difícil pode ser determinar o que realmente estamos comendo e até o momento não houve medida judicial contra a empresa.

Suco sem fruta

Alguns produtos, mesmo quando respeitam o que determina o CDC e a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), têm imagens na embalagem que podem fazer as pessoas acreditarem que são saudáveis, quando na verdade possuem pouquíssimos ingredientes naturais.

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) protocolou em meados de abril uma denúncia ao Procon do Distrito Federal contra a Brasal Refrigerantes S.A, que é a fabricante dos sucos Del Valle.

Os sucos da marca contêm menos de 1,5% de frutas, mas as embalagens são ilustradas com muitas frutas.

A legislação brasileira classifica como suco apenas as bebidas feitas com no mínimo 50% de polpa da fruta. Em embalagens muito semelhantes, você encontra também o néctar, que possui entre 10% e 50% de concentração de fruta, e o refresco, que deve ter entre 5% e 30% de fruta ou polpa.

A Brasal não se posicionou sobre esta denúncia, que está em andamento.

Pringles com 42% de batata

Pringles - Divulgação - Divulgação
Batata Pringles
Imagem: Divulgação

Um dos alimentos mais populares que se tem no mercado, as famosas batatas Pringles não são totalmente feitas de batatas.

O produto, na verdade, é uma massa feita com água e um pó de batata misturado com milho. Apenas 42% é feito, de fato, do legume.

Não houve qualquer reclamação jurídica sobre o produto, e isso não é um problema desde que esteja claro na embalagem quais são as características do produto, sem propagandas que levem a um entendimento diferente.

Bebida de Alpino sem Alpino

Na última década, a Nestlé resolveu apostar em uma bebida chamada Alpino Fast. Diante do sucesso do chocolate, a bebida logo se tornou um sucesso de vendas. No entanto, após um período no mercado, a empresa passou a ser criticada e processada, pois a bebida não era feita de chocolate derretido.

Inclusive, de acordo com o jornal Folha de S. Paulo, na embalagem, em letras miúdas, há a informação: "não contém chocolate Alpino".

A Nestlé se defendeu ao informar que o produto tem "sabor similar" ao do chocolate.

"Os resultados asseguraram que as características da bebida foram relacionadas à marca Alpino, tendo revelado que a grande maioria dos consumidores reconheceu na bebida o verdadeiro sabor do chocolate Alpino", informou, em nota, a Nestlé. No entanto, a embalagem da bebida continha referências à do chocolate.

O processo contra a Nestlé correu pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) e foi rejeitado nas duas instâncias.

Cereja feita com chuchu

Cereja industrializada é feita de chuchu - iStock - iStock
Cereja industrializada é feita de chuchu
Imagem: iStock

Imagina aquele bolo de aniversário maravilhoso com aquela cereja em cima. Pois bem, o que você pensa ser cereja, na verdade, pode ser chuchu ou mamão.

Algumas lojas usam produtos "fake", como cobertura de cereja industrializada, para baratear os custos, já que a cereja verdadeira pode custar caro.

Como no caso da Pringles, isso só é um problema quando existe uma margem para que o consumidor entenda que está comprando outra coisa.

Inclusive, para fazer o chuchu virar calda é simples:

1. Cozinhe o chuchu até ficar 'al dente'. Em seguida retire bolinhas do legume com um instrumento chamado "boleador".
2. Jogue as bolinhas em água com cal virgem culinária, que deixa a comida firme, mas macia. Desligue ao ferver e espere.
3. Despeje as bolas em calda quente de groselha. Deixe no fogo brando. Quando descerem, apague o fogo e retire-as da calda.
4. Jogue um copo de açúcar na calda e ferva-a. Despeje as bolas e apague o fogo. Quando a calda esfriar, acrescente o licor.

Não há qualquer tipo de irregularidade sobre o procedimento.