Com óleo de soja a R$ 25, cliente usa banha de porco; por que subiu tanto?
O preço do óleo de soja disparou neste ano, e uma garrafa pode ser encontrada por até R$ 24,62 em sites de supermercados. Em lojas físicas, algumas unidades têm feito promoções, mas limitando a quantidade de garrafas que cada consumidor pode levar.
Em um mercado Bompreço, no Recife (PE), o óleo estava a R$ 11,99, na promoção, com o limite de até cinco unidades por cliente. Consumidores procuram opções e usam até banha de porco no lugar. Por que o preço disparou tanto? Veja a seguir análises de especialistas.
Alta de 24% em 12 meses
De acordo com os dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de março, índice do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que mede a inflação do país, o preço do óleo de soja subiu 8,99% em março e 11,21% no primeiro trimestre deste ano. Nos últimos 12 meses, a alta é de 23,75%.
A prévia da inflação de abril mostra um dado ainda mais alarmante: o preço subiu 11,47% em abril e 30,10% nos últimos 12 meses.
Consumidor troca óleo para economizar
A orientação da Apas é que o consumidor tente trocar a marca para economizar. Se ainda assim o preço pesar no bolso, outra opção é substituir o óleo de soja por outro produto.
Nas redes sociais, a troca mais comentada é a de óleo de soja por banha de porco —por ser mais barata e durar mais tempo.
O óleo de soja é conhecido por ser uma das opções mais baratas para cozinhar e, por isso, as substituições são mais limitadas.
Por que o preço do óleo de soja disparou?
A alta no preço do petróleo e a redução de produção de óleo de girassol na Ucrânia são alguns dos fatores que estão aumentando a demanda do óleo de soja e pressionando os preços.
Quando o preço do petróleo sobe, aumenta a demanda por biocombustíveis —que são combustíveis que usam o óleo de soja em sua composição.
A redução na safra da soja causada pela seca também influenciou no aumento dos preços. Gabriel Castagnino Viana, especialista em óleo de soja da consultoria Safra e Mercado, afirma que a expectativa era de que fossem produzidas 145 milhões de toneladas, mas o número deve ficar entre 125 milhões e 130 milhões.
Na quinta-feira (28), a Indonésia, que é um dos maiores produtores de óleo de palma do mundo, proibiu as exportações do produto, e a decisão pode desestabilizar o mercado de óleos vegetais, que já estava sensível com a guerra entre Rússia e Ucrânia.
"A Indonésia exporta mais óleo refinado do que bruto, então isso impacta na oferta global. O óleo de palma é o principal substituto do óleo de soja. Essa redução da oferta global de óleo vegetal ao mesmo tempo em que o mundo tem problema na oferta do petróleo acaba virando uma tempestade perfeita", afirma Viana.
A expectativa é que os preços continuem altos pelo menos até o segundo semestre deste ano, com a chegada de uma nova safra de soja dos Estados Unidos.
"Se o preço da soja cair de maneira consistente, o óleo de soja também deve cair. São valores que têm uma transmissão rápida, porque o óleo é a própria soja esmagada", afirma André Braz, coordenador do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas).
Vai faltar óleo de soja?
Os especialistas ouvidos pelo UOL consideram improvável que haja falta de óleo de soja. A Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) diz que a indústria brasileira está se esforçando para garantir o abastecimento do mercado doméstico e internacional e que o processamento de soja cresceu no primeiro bimestre deste ano.
"A produção de farelo e de óleo de soja também acompanhou esse crescimento. Assim, a indústria segue aumentando a produção. Apesar da garantia de abastecimento de óleo de soja no mercado brasileiro, os preços serão pressionados enquanto o cenário exterior não se equilibrar", afirmou em nota.
Diego Pereira, economista da Apas (Associação Paulista de Supermercados), concorda que o risco de faltar óleos nos mercados é mínimo.
A Apas afirma que não existe nenhuma diretriz que oriente os mercados a limitar a venda do número de garrafas e diz que os supermercados podem tomar as medidas que acharem mais acertadas.
"O produtor está enxergando que a rentabilidade do óleo de soja está maior do que a do grão e do farelo e, por isso, tem apostado mais no esmagamento de soja", afirma Pereira.
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