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Afinal, Coca-Cola teve mesmo cocaína como disse Elon Musk ou isso é lenda?

Coca-Cola já levou cocaína em sua composição - SOPA Images / LightRocket via Getty Images
Coca-Cola já levou cocaína em sua composição Imagem: SOPA Images / LightRocket via Getty Images

Juliana Almirante

Colaboração para UOL

28/04/2022 15h35

O magnata sul-africano Elon Musk, que anunciou a compra do Twitter por US$ 44 bilhões, fez ontem (27) uma brincadeira com a rede de fast food McDonald's e com a Coca-Cola, ao dizer que iria comprar as duas empresas. Em meio a isso, citou que iria colocar cocaína de volta no refrigerante. Mas, afinal, a Coca-Cola já teve cocaína de fato?

"Agora, vou comprar o McDonald's e consertar todas as suas máquinas de sorvete", disse ele, em publicação no Twitter, ao destacar que não conseguiria fazer milagres. Depois, tuitou: "Em seguida, estarei comprando a Coca-Cola para colocar a cocaína de volta".

Com 87,6 milhões de seguidores, Musk recebeu 1,5 milhão de curtidas na publicação sobre o McDonald's e outras 3,2 milhões de curtidas no tuíte sobre a Coca-Cola, até 11h de hoje (28).

A Coca-Cola elimina a cocaína da bebida por um processo de "descocainização" desde o ano de 1903. No entanto, a substância, que hoje tem os seus prejuízos à saúde reconhecidos, já fez parte do produto vendido pela empresa, fundada em 1886.

Como a cocaína surgiu de remédios

Isolada em 1859 pelo químico alemão Albert Niemann, a cocaína chegou a ser comercializada como medicamento nos Estados Unidos em 1882, de acordo com reportagem da BBC News.

À época, a substância era utilizada, especialmente, para o tratamento de dores de dente em crianças e para a gota, doença que provoca dores nas articulações.

A cocaína passou também a ser usada em vários elixires que eram vendidos na virada do século. As substâncias eram comercializadas pelas suas propriedades energizantes e revigorantes.

Um deles, que ficou mais famoso, foi desenvolvido pelo químico e farmacêutico Angelo Mariani. Ele elaborou um vinho com base em extratos de folhas de coca, que levou o nome de "Vin Mariani".

John Styth Pemberton criou em 1885, nos EUA, um substituto sem álcool para esse vinho, chamado de "French Wine Coca". Essa bebida passou por uma reformulação em 1886 e ganhou o nome de Coca-Cola.

Quando a empresa Coca-Cola foi fundada, o seu principal produto foi divulgado como um remédio para dor de cabeça e energizante. À época, era vendida como uma "bebida medicinal e intelectual".

Como a "descocainização" começou a ser feita

Em 1886, a Coca-Cola tinha uma fórmula baseada na coca, planta da qual a cocaína é extraída, e a noz de cola, que tem a cafeína como ingrediente ativo. Segundo matéria da Folha de S. Paulo, para ingerir um grama de cocaína ao tomar a bebida, talvez fosse preciso tomar dezenas de garrafas.

No entanto, foi a partir do século 19 que os efeitos da droga se tornaram conhecidos e a empresa começou a ser pressionada por conta disso. No ano de 1903, o então dono da Coca-Cola, Asa Candler, buscou o químico alemão Louis Schaefer, para que ele produzisse um composto de coca sem cocaína.

No mesmo ano, a Coca-Cola eliminou a cocaína de sua bebida e substituiu por cafeína e folhas de coca apenas como aromatizantes.

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Errata: este conteúdo foi atualizado
Uma versão anterior deste texto informava incorretamente que a Coca-Cola tinha uma fórmula baseada na coca em 1986. O correto é 1886.A informação foi corrigida.