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Meirelles: Bolsonaro desmoralizou política fiscal; reeleição seria desastre

Henrique Meirelles foi secretário da Fazenda e do Planejamento do estado de São Paulo - Leco Viana/TheNews2/Estadão Conteúdo
Henrique Meirelles foi secretário da Fazenda e do Planejamento do estado de São Paulo Imagem: Leco Viana/TheNews2/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

02/05/2022 09h10Atualizada em 02/05/2022 17h47

O ex-presidente do BC (Banco Central) Henrique Meirelles criticou o presidente Jair Bolsonaro (PL) e disse que a reeleição do atual chefe do Executivo federal seria um "desastre" para o Brasil. Em entrevista ao jornal Correio Braziliense publicada hoje, Meirelles ainda afirmou que Bolsonaro "desmoralizou" a política fiscal brasileira e que o motivo para isso foi populismo.

As críticas do ex-presidente do BC foram feitas após ele ser questionado se o teto de gastos, que teve sua regra de cálculo alterada no ano passado pelo governo, foi quebrado. Meirelles negou que isso tenha acontecido, mas disse que o teto precisa respeitar a política fiscal — essa, para o presidente do BC, é que foi desestruturada.

"Não desestruturou o teto. Desestruturou a política fiscal. Não vamos confundir a desestruturação da política fiscal com a do teto de gastos. [...] O teto de gastos continua com a mesma força. Agora, evidentemente, a política fiscal precisa respeitar o teto de gastos. Isso é que é o fundamental", afirmou o atual coordenado da área econômica da campanha de João Doria (PSDB).

Num momento em que se faz essas coisas todas, como mexer no teto de gastos, mudar o período de verificação de inflação para o cálculo do limite da regra, tudo isso leva a esse efeito. O teto de gastos deixa de apresentar resultados.
Henrique Meirelles, ex-presidente do BC

Como resultado, Meirelles disse que "o país vai mal, e por diversos aspectos" e acrescentou que o Brasil "ia sofrer muito" se Bolsonaro fosse reconduzido ao Palácio do Planalto.

"Eu acho que o país iria sofrer muito, caso ocorresse isso. Seria um desastre. E o problema é que a história nos diz que tudo que está ruim tem espaço para piorar mais. Esse é o ponto. Nós temos que evitar que isso aconteça, sem dúvida", afirmou.

Meirelles: 3ª via ainda tem chances de crescer

Na avaliação de Meirelles, a chamada "3ª via", grupo de que se autoproclama como o "centro democrático" que vai fazer contraposição as campanhas de Bolsonaro e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ainda pode melhorar seu desempenho na corrida eleitoral.

"O eleitorado não está com a atenção voltada para a eleição. Se a pessoa não está pensando nisso e chega o pesquisador e pergunta em quem você votaria para presidente hoje, ela fala um dos dois nomes que conhece. Um que já foi presidente durante muitos anos e o Brasil cresceu naquela época e eu fui, inclusive, presidente do Banco Central; o outro, que é presidente agora", disse.

"A maioria menciona um dos dois e não está acompanhando a campanha e sequer está informada sobre os candidatos da terceira via. Esse é o ponto fundamental que, eu acho, tende a mudar quando as pessoas tiverem a atenção voltada para isso", completou o ex-presidente do BC.

Questionado a respeito de seu futuro política, se será candidato a vice ao governo de São Paulo ou se vai se candidatar ao Senado pelo estado, Meirelles afirmou que vai definir "nos próximos 30 dias".