Nada de herança: mulher mais rica da Rússia começou com US$ 700 aos 28 anos
A história da mulher mais rica da Rússia é um ponto fora da curva em seu país. Primeiro, porque Tatyana Bakalchuk é a primeira de uma lista enxuta, que traz apenas três mulheres bilionárias. Segundo, porque ela fez fortuna quase "do zero". Tudo começou com uma empresa de comércio eletrônico na sala de seu pequeno apartamento.
A trajetória de Tatyana difere muito dos outros dois nomes que aparecem na lista da Forbes.
Elena Baturina, segunda mulher mais rica da Rússia, é esposa de um ex-prefeito de Moscou e atualmente mora em Londres (Reino Unido), investindo em imóveis, hotéis e energia renovável. Já Lidiya Mikhailova, a terceira da lista, herdou a fortuna do ex-marido, fundador do grupo de agronegócio Cherkizovo, e mora em Londres (Reino Unidos).
Segundo sites russos, a bilionária, hoje com 46 anos, ainda cultiva hábitos simples, como voar na classe econômica e morar em uma casa alugada de Moscou. Em 2019, ela comprou seu primeiro carro. Nas redes socias, ela posta livros do Harry Potter, casinhas de biscoito de gengibre e papelarias fofas.
De Avon russa a Amazon russa
Tatyana Bakalchuk tinha 28 anos, era formada em Ciências, mas trabalhava como professora de inglês. Seu primeiro filho tinha acabado de nascer e ela vivia o período da licença-maternidade quando resolveu vender roupas do catálogo do grupo alemão Otto.
Na época, segundo a imprensa na Rússia, ela tinha cerca de US$ 700 no banco.
Seu marido Vladislav, técnico em informática, a ajudou a desenvolver o site da loja online de roupas, que eles batizaram de Wildberries. Mal sabiam eles que a marca viraria a maior rede varejista de comércio eletrônico da Rússia, conhecida como a "Amazon russa".
Na época, Vladislav tinha um pequeno negócio de venda de computadores e fornecimento de acesso à internet. Antes da Wildberries, praticamente nenhuma roupa era vendida online na Rússia.
Segundo a Forbes, a ideia de Tatyana deu match com um desejo antigo da empresa alemã de se firmar como marca na Rússia. Naquela época, os russos ainda não tinham a cultura de comprar à distância e havia muitos problemas logísticos no país. A Otto se limitava a vender por meio de agentes, com catálogos em revista, como faziam a Avon e a Natura no Brasil.
No dia 30 de março de 2004, o domínio wildberries.ru foi registrado, e a Otto passou a ser comercializada por Tatyana.
No primeiro ano de atividades, os Bakalchuks processavam e entregavam as coisas por conta própria, e o pequeno apartamento em Moscou, onde moravam, servia como depósito.
Um ano depois, já atuando como uma startup, sentiram a necessidade de um escritório e um armazém, mas não havia capital de giro. Foi quando conheceram Sergey Anufriev, que viria a ser um grande investidor, dando projeção aos negócios.
Nesta época, além de alugar um espaço maior, conseguiram contratar programadores, operadores de call center e investiram em logística.
Outro movimento revolucionário, quando começaram a aparecer concorrentes, foi a entrega gratuita e pontos de coleta com provadores em toda a Rússia —até então, ninguém havia feito isso.
Após 10 anos, a receita da empresa pulou para 29,5 bilhões de rublos em 2015 (aproximadamente US$ 450 milhões) e, em 2019, atingiu 117 bilhões de rublos (aproximadamente US$ 1,5 bilhão), fazendo com que Tatyana se tornasse a 14ª pessoa mais rica da Rússia.
Foi a primeira vez que ela apareceu na lista de bilionários da Forbes.
Quatro filhos e US$ 4 bilhões
O crescimento da Wildberries foi acompanhado pelo aumento da família.
Além do primeiro filho, Tatyana Bakalchuk teve mais outros três filhos durante o período de ascensão de sua empresa, o que também ajudou a reforçar o título de self-made woman (mulher independente, autodidata).
Com a pandemia da covid-19 e o crescimento do comércio eletrônico, Tatyana, que é CEO e proprietária de 99% da Wildberries, viu sua fortuna sair de US$ 1 bilhão para US$ 13 bilhões. Em 2021, foi o maior aumento entre os bilionários listados pela Forbes, de acordo com a própria revista.
Neste ano, a patrimônio líquido encolheu para US$ 4 bilhões, por causa da guerra entre Rússia e Ucrânia. Ainda assim, a empresa continua processando cerca de 400 mil pedidos por dia.
Atualmente, a Wildberries vende de tudo: roupas, brinquedos, produtos de nutrição e de esportes e eletrônicos. O site recebe cerca de dois milhões de visitas por dia.
A empresa também expandiu suas vendas para países vizinhos e parte da Europa.
O volume de negócios de exportação de Wildberries chegou a crescer 89% durante o período da pandemia. Entre os principais itens exportados da Rússia estão máscaras médicas, pastilhas sem açúcar, manteiga de amendoim, fraldas e camisetas, especialmente para países como Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão, Armênia, Israel, Polônia e Eslováquia.
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