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Rainha dos Reboques é alvo de operação por leiloar carros e não entregar

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

08/06/2022 10h07Atualizada em 08/06/2022 15h44

A empresária e influenciadora digital Priscila Karla Pereira dos Santos, conhecida como "Rainha dos Reboques", é alvo de oito mandados de busca e apreensão em uma operação deflagrada pela Polícia Civil do Rio na manhã de hoje. Um dos mandados é cumprido na casa dela, em um condomínio de luxo, na Barra da Tijuca, na zona oeste da cidade.

De acordo com as investigações, a empresa de Priscila, a Rebocar Remoção e Guarda de Veículos EIRELI, ganhou em 2019 uma licitação pública que previa a realização de serviços de reboque, guarda e leilão de veículos apreendidos nas cidades do Rio de Janeiro, Niterói e São Gonçalo. No entanto, a empresa teria obtido vantagens ilícitas a partir do serviços prestados.

A Delegacia de Defraudações apura a ausência de repasses dos valores arrecadados nos leilões para o governo do Estado e casos em que os veículos arrematados não foram entregues aos compradores em certames. Segundo a Delegacia, as duas irregularidades somam uma dívida de quase R$ 5 milhões contraídas entre 2020 e 2021. Os valores são devidos ao Detro (Departamento de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro) e aos proprietários de veículos leiloados.

A operação "Arremate" deflagrada hoje contra Priscila e outras 3 pessoas "foi "desencadeada para colher elementos probatórios à apuração das diversas irregularidades apontadas", destacou o delegado da Delegacia de Defraudações, Alan Luxardo.

Priscila e a empresa são investigados pelos crimes de estelionato e associação criminosa.

Quem é a "Rainha dos Reboques"?

Além de proprietária da "Rebocar", Priscila dos Santos se apresenta nas redes sociais como figura pública e compartilha na internet fotos produzidas de uma vida luxuosa com festas, viagens e passeios de barco. Ela possui 410 mil seguidores no Instagram.

A empresa e o estilo de vida da influencer já renderam capas de revista e o apelido de "Rainha dos Reboques do Sudeste."

O UOL fez contato com a Rebocar por e-mail e também com a empresária através das redes sociais, mas até agora não obteve um posicionamento das partes. Assim que os advogados se manifestarem, a reportagem será atualizada.

No mês passado, Priscila divulgou um posicionamento nas redes sociais sobre as irregularidades apontadas. Na postagem, ela explicou que venceu a licitação em 2018 e que o processo ocorreu "dentro da lei".

Ainda segundo o comunicado, Priscila destacou que os veículos rebocados são liberados após pagamento de custo do reboque, diárias e possíveis multas acumuladas nas placas e que os valores são pagos ao Detro, responsável por repassar o percentual da Rebocar.

O texto explica ainda que a empresa recebe diretamente apenas valores de leilões dos automóveis e que parte deles é usado para custear o leilão e valores de multas, IPVAs atrasados que são pagos ao Detran. "O que sobra vai para o Detro. A empresa fica com todas as despesas e 65% dos valores cobrados pelo serviço de reboque e diária".

Ainda segundo o comunicado, a empresa foi prejudicada pela pandemia e o Detro deixou de realizar os pagamentos previstos e a exigir repasses à vista mesmo com dívidas pendentes com a Rebocar.

Priscila é acusada ainda de manter dívidas trabalhistas com funcionários - situação confirmada por ela na publicação.