Sheik dos Bitcoins: Ação da PF mira suspeito de lesar Sasha e mover R$ 4 bi
Francisley Valdevino da Silva, o Sheik dos Bitcoins, é o principal alvo da Operação Poyais da Polícia Federal, deflagrada na manhã de hoje em seis cidades brasileiras. Ao todo, 100 agentes estão empenhados em uma força-tarefa para cumprir 20 mandados de busca e apreensão expedidos pela 23ª Vara Federal de Curitiba na capital paraense, em São José dos Pinhais (PR), Governador Celso Ramos (SC), Barueri (SP), São José do Rio Preto (SP) e Angra dos Reis (RJ). A Justiça ainda decretou sequestro de imóveis e bloqueio de valores.
Investigado por fraude em um esquema envolvendo moedas digitais, Francisley foi acusado de captar dinheiro de vítimas, investir em um ativo digital e sequestrar os recursos, devolvendo para eles uma criptomoeda falsa, chamada Mindexcoin, que não tem valor no mercado e não é encontrada em corretoras. Entre as pessoas lesadas está Sasha Meneghel e o marido dela, João Figueiredo. A movimentação total do grupo do "sheik" pode chegar a R$ 4 bilhões de reais no Brasil. A reportagem tenta contato com a defesa de Francisley e atualizará a matéria assim que haja um posicionamento.
Segundo a Polícia Federal, Francisley iludiu "milhares de vítimas" com a promessa de que poderiam alcançar até 20% do capital investido. Ele dizia ter vasta experiência no mercado de tecnologia e criptoativos, além de ter uma grande equipe de traders, que realizariam operações de investimento com as criptomoedas alugadas, gerando lucros exorbitantes. Enquanto parte dos recursos dos clientes era usada para pagamentos das remunerações mensais, o restante era usado pelo investigado e pela organização criminosa para aquisição de imóveis de alto valor e veículos de luxo.
Agora, ele é alvo de uma investigação sobre a prática de crimes contra a economia popular e o sistema financeiro nacional, de estelionato, de lavagem transnacional de dinheiro e de organização criminosa. A Receita Federal também integra as buscas e apreensões para colher materiais e documentos que possam ser úteis aos procedimentos fiscais em curso em desfavor do grupo empresarial.
O caso chegou para as autoridades em março deste ano, após recebimento, pela Interpol, de informações e solicitação passiva de cooperação policial internacional da HSI (Homeland Security Investigations), do Department of Homeland Security da Embaixada dos EUA em Brasília.
Na ocasião, a agência norte-americana informou à Polícia Federal que uma empresa internacional com atuação nos Estados Unidos, bem como seu principal gerenciador, um brasileiro residente em Curitiba, estavam sendo investigados pela Força Tarefa de El Dorado (El Dorado Task Force), da HSI de Nova Iorque, por envolvimento em conspiração multimilionária de lavagem de capitais a partir de um esquema de pirâmide de investimentos em criptoativos.
A pedido de cooperação internacional, a polícia iniciou diligências na cidade de Curitiba a fim de investigar o brasileiro. As primeiras descobertas apontavam que Francisley possuía mais de 100 empresas abertas no Brasil e, por meio do grupo empresarial, estaria lesando investidores não só no exterior, mas também em território nacional. As evidências foram juntadas e motivaram o pedido por medidas judiciais para cessação da atividade criminosa, rastreio do produto dos crimes e colheita de novas provas.
Além de Francisley, a polícia ainda identificou outros suspeitos de fraude, que seriam membros da família dele que atuariam como funcionários das empresas, além de parceiros nos Estados Unidos e em ao menos outros 10 países que desenvolviam fraude semelhante, porém focada em marketing multinível.
O nome Operação Poyais faz referência à grande fraude cometida na Inglaterra, no século 19, por um soldado escocês que enriqueceu vendendo títulos, através de uma campanha publicitária elaborada, de um país que nunca existiu.
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