'Mensalidade subiu 55%, não tenho como pagar e mudei minha filha de escola'
Pais estão tendo que mudar seus filhos de escola porque não conseguem bancar o aumento das mensalidades. Os colégios preveem alta média de mais de 10% em 2023, mas há casos de mais de 50% de reajuste.
Tirei minha filha da escola: A analista Cristiane dos Santos Ferreira, 47, afirma que se assustou ao receber o comunicado da escola de sua filha Maria Luiza, 15, sobre o reajuste da mensalidade para o ano que vem.
Maria Luiza é bolsista de uma escola no Rio de Janeiro, e a família paga cerca de R$ 1.100 de mensalidade. Com o reajuste anual e o de mudança do 9º ano para a 1ª série do ensino médio, o valor passaria para R$ 1.700 em 2023, um aumento de 54,6%.
O custo com material escolar seria de R$ 3.500, valor que pode ser parcelado em 12 vezes.
Nós estávamos satisfeitos com a escola, mas a diferença de valor foi um susto. Não teríamos condições de pagar a nova mensalidade, mesmo apertando as contas, por isso decidimos pela mudança de escola.
Cristiane dos Santos Ferreira, analista
Mudança de escola foi necessária: Maria Luiza estudava na mesma escola desde o 6º ano e Cristiane diz que nunca tinha passado por um reajuste tão alto.
Ao saber das dificuldades para pagar a mensalidade, Cristiane diz que a filha foi atrás de provas de bolsas de estudo em outras escolas. Maria Luiza está matriculada em uma nova escola para 2023 depois de ter conseguido uma bolsa de estudos.
A família vai gastar cerca de R$ 1.400 de mensalidade na nova escola e R$ 2.500 com os materiais didáticos — uma economia de R$ 1.000 em comparação a outra escola.
Como foi a reação de Maria Luiza? Cristiane diz que a filha ficou apreensiva, mas passou a se sentir mais segura quando algumas amigas também decidiram trocar de escola.
"No começo ela ficou bem apreensiva, porque ia sozinha para uma escola nova, mesmo tendo gostado da proposta da instituição. Mesmo assim ela estava firme de ir para uma escola que vai dar o mesmo retorno de ensino e mais barata", afirma Cristiane.
Trocou filho de horário para economizar: A maquiadora Scarllat da Silva Souza, 29, se assustou com o reajuste da mensalidade de seu filho Cauã, de 4 anos. Moradora de Manaus (AM), Scarllat pagava R$ 690 neste ano e pagaria R$ 820 no ano que vem —um aumento de 18,8% na mensalidade. Este foi o primeiro ano da vida escolar de Cauã.
O aumento pesou no bolso, e ela teve que se adaptar para manter o filho na mesma escola. Cauã estudava no período da tarde, mas Scarllat decidiu transferi-lo para a manhã, que tem mensalidade mais baixa, de R$ 720.
Decisão preocupa maquiadora: Apesar de ter conseguido economizar com a mudança, Scarllat não está confiante de que vai dar certo.
"Ele começou o ano letivo no período da manhã, mas não se adaptou. Depois de seis meses eu troquei para tarde, que foi quando ele se acostumou e que o desempenho dele melhorou. De manhã ele não rende, acho que o desempenho dele deve cair no ano que vem, vou ver se ele consegue se adaptar. Senão vou ver o que vou fazer", afirma Scarllat.
Não encontrou opção mais barata: Scarllat pensou em trocar Cauã de escola, mas as instituições com mensalidade mais barata ficavam longe de sua casa, o que faria com que gastasse mais com transporte. Para ela, a mudança não compensaria.
Como este foi o primeiro que meu filho estava na escola fiquei indignada com o aumento. Achei um valor absurdo, porque a gente escolheu a escola com base no que cabia no nosso orçamento. Queremos o melhor para nosso filho, mas precisa caber no bolso.
Scarllat da Silva Souza, maquiadora
Bolsa de estudos ajudou: Outra forma que ela encontrou de economizar foi pelo EducaMais Brasil, um programa de inclusão educacional que dá bolsas de estudos. O programa concede as bolsas para quem não tem condições de pagar o valor total da mensalidade da instituição escolhida.
Com a bolsa, a mensalidade da escola de Cauã caiu pela metade, para R$ 360.
Dá para economizar com a escola? Se a mensalidade pesar demais no bolso, o primeiro passo é tentar renegociar o valor com a escola.
O especialista em negociação e autor do livro "Negocie sem medo", Breno Paquelet, afirma que os pais devem avaliar que valor caberia no bolso, com bom senso, e agir com transparência para encontrar uma solução para a família.
A indicação é que a família busque o programa de bolsas da escola, se existir, faça propostas objetivas sobre o valor que poderia pagar ou formas de pagamento alternativas, e ser transparente caso a família esteja passando por um momento atípico, com redução de renda ou até desemprego.
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