Economista de Lula diz que 'sem-vergonhas' vão ser tirados do Bolsa Família
A economista Tereza Campello, integrante do Gabinete de Transição do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse, em entrevista ao Estadão publicada hoje, que o novo presidente irá retirar do Bolsa Família o que chamou de "sem-vergonhas".
Campello, que foi ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome no governo Dilma Rousseff (PT), afirma que foi feito um movimento pré-eleitoral para ampliar o número de pessoas beneficiadas com o Auxílio Brasil - que vai voltar a se chamar Bolsa Família. Segundo ela, pessoas que não poderiam receber o benefício foram contempladas.
"A legislação é clara: as pessoas não podiam estar recebendo. Estamos conversando com os municípios. Esse povo vai bater na porta da prefeitura quando o recurso for bloqueado. Serão filas enormes no início do governo Lula com muita gente pobre, mas também muita gente sem vergonha. Queremos tirar os sem-vergonha", disse a economista.
Campello diz que a regularização do cadastro "vai dar muito trabalho". "Tem um monte gente que entrou que não faz parte da população pobre ou desinformada. Tem gente com má fé. Veja os casos do agressor do Gilberto Gil e a filha do Pazuello [ex-ministro da Saúde, eleito deputado federal]. Está coalhado de casos que são fraude mesmo. Será preciso apurar. Foram 79 mil militares que receberam o benefício. Temos que ir atrás do dinheiro".
Segundo ela, que coordena o Grupo de Trabalho de Assistência Social, em meio a pessoas má intencionadas, também houve casos de quem foi induzido ao erro. "Não é que as pessoas tentaram fraudar, mas o modelo que eles implantaram induz as famílias a se cadastrarem por adulto. Se tem dois adultos na mesma casa, se cadastram os dois. O certo seria uma família, como era no Bolsa Família".
A economista diz que a equipe de transição de Lula já começou a colocar em práticas as medidas para resolver os problemas que teriam sido deixados pela equipe do presidente Jair Bolsonaro (PL). Tereza Campello diz que na semana passada se reuniram com prefeituras e organizações municipais que fazem a gestão do benefício social para administrar as filas.
Mudanças no Auxílio Brasil
Em entrevista ao UOL News em novembro, a economista Tereza Campello já havia dito que o governo eleito faria mudanças no Auxílio Brasil, mas disse que não seriam feitas "alterações bruscas".
"Não vamos fazer alterações bruscas. O presidente vai assumir, chamar prefeitos, chamar a rede de assistência social, conversar com a sociedade para retomar esse processo de reconstrução do Bolsa Família, seja do ponto de vista da equidade, olhando a composição da família. Agora, as condicionalidades, vamos retomar imediatamente", afirmou, na ocasião.
Quando o Auxílio Brasil foi implementado no final de 2021, deixou de exigir comprovação de vacinação infantil e de frequência escolar. A versão que será retomada deverá reincorporar iniciativas como essas e também levar em conta a estrutura familiar, como, por exemplo, se é um homem que mora sozinho ou se é uma mulher com crianças, mas sem cônjuge ou companheiro.
"Hoje um homem que mora sozinho e uma mãe com duas crianças com menos de três anos de idade ganham a mesma coisa, R$ 600. Um ganha R$ 600 per capita e outro R$ 200 per capita", disse. "Precisamos retomar esse desenho [do Bolsa Família], garantir mais equidade. Agora, isso não pode ser feito de sopetão, como o governo Bolsonaro fez".
As equipes, divididas em 31 grupos e com mais de 200 integrantes no total, têm até 10 de janeiro para fazer relatórios temáticos para o governo eleito com sugestões sobre as primeiras políticas públicas de cada setor. Assim, quando o presidente assumir, já terá um raio-X da administração pública e poderá tomar as primeiras medidas.
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