Lembra dela? 'Melissinha' causou em comercial e despertou ódio de professor
Talvez você não conheça Valeska Canoletti pelo nome. Mas, se assistia à TV nos anos 1980, com certeza se lembra da garota ruiva que enfrentava professores nos comerciais da sandália Melissinha.
O sapato de plástico da Grendene — que vinha com a "pochetezinha", o "reloginho" ou "estojinho" — era um sonho de consumo das meninas. Ainda sucesso em 2023, a marca não atende mais pelo nome no diminutivo — é Melissa.
Na época, a propaganda deixou muita gente chocada com a audácia da aluna de bater de frente com a professora: ela colava na prova, chegava atrasada, maquiava-se em sala de aula.
Em uma das cenas, a da "Melissinha transparentinha", a garota ficava descalça e nem ligava para o diretor.
"A primeira foi a da pochete, depois veio a do relógio, a do estojo de maquiagem e a transparente. Eu encarava como uma festa, era uma delícia. Já estava acostumada e conhecia todo mundo que trabalhava no meio", lembra Valeska. Hoje, ela tem 49 anos e mora no Canadá.
Como tudo começou
Aquele era um ambiente confortável para ela, que aos 12 anos já somava quatro na profissão de atriz.
Valeska e suas sete irmãs (uma mais velha e seis mais novas) faziam vários trabalhos para a televisão na infância — a irmã Jéssica, por exemplo, era a garota do comercial da Xuxa. Já Shirley fez a Juma Marruá quando criança, na primeira versão da novela "Pantanal".
As pessoas já conheciam a gente. E aí teve o teste para a Melissinha e nós fizemos. Eu passei para a principal e duas das minhas irmãs, a Greice e a Vivian, passaram para figuração
As irmãs atuaram como "colegas de sala" de Valeska no comercial da sandália.
Logo depois do segundo comercial, o do relógio, a Grendene firmou um contrato de exclusividade com ela que durou entre quatro e cinco anos, segundo conta Valeska.
Como Valeska era o rosto oficial da marca, não podia aceitar outras propagandas. Isso causou impacto também no trabalho das irmãs, que não podiam atuar para concorrentes por serem todas muito parecidas, segundo conta.
Naquela época, Valeska passou a acompanhar o publicitário Washington Olivetto de agência em agência. "Conforme ele ia mudando, a gente ia junto. A conta da Grendene ia para onde ele estava."O publicitário também é a cabeça por trás dos maiores sucessos publicitários brasileiros, como o "Garoto Bombril" e "O Primeiro Sutiã".
Elogios, críticas e confusão
"Na época, a gravação da Melissinha transparente deu algum problema que eu não podia mais fazer o comercial com professor, em sala de aula. Há 30 anos, foi o maior rebuliço", lembra Valeska.
"E aí tive de filmar às pressas, na madrugada, com uma das minhas irmãs."
Ela já estava acostumada a ir a eventos, dar autógrafos e ser parada na rua. Quase sempre, recebia elogios. Quase.
Uma vez, fiquei até sem jeito. Uma senhora me parou e falou que odiava a propaganda porque era professora
Também naquela época, as irmãs frequentavam um clube particular no Brooklin, em São Paulo. Lá, o clima era sempre de brincadeira entre os amigos e choviam sugestões para o próximo comercial — uma delas, incluía Valeska alterar o horário do relógio da professora.
Eu adorava a propaganda porque fazia o que ninguém tinha coragem de fazer. Por isso ela fez sucesso, o roteiro era muito legal e era tudo muito diferente
"Para mim, essa época foi demais. O que não foi muito legal foi não poder fazer muita coisa depois, porque minha cara virou a do produto e eu precisava esperar um tempo para fazer outras marcas. Mas não me arrependo, porque foi uma delícia."
O que Valeska faz hoje
Depois que o contrato de exclusividade com a Grendene acabou, Valeska continuou fazendo comerciais no Brasil e entrou para o teatro. Em 1996, ela deu rosto a uma propaganda de "O Boticário".
Anos mais tarde, ela se casou e, em 2001, foi morar no Canadá. Aprendeu inglês, fez um curso de atuação e engravidou. Hoje, ela é mãe de três filhos — um de 18 anos e gêmeos de 17 anos — e está se separando.
"Um dos meus filhos é autista e comecei a trabalhar com isso. Fiz um curso de instructor therapist e hoje trabalho isso", explicou. Na prática, ela trabalha com terapias individualizadas para crianças, jovens e adultos que estão no espectro autista.
No Brasil, as pessoas ainda se lembram de mim. Ficam paradas, olhando, falam que conhecem de algum lugar, recebo mensagens nas redes sociais. No Canadá, já aconteceu quando vou à comunidade brasileira
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