Depois de 'fazer um Pix', vem aí 'usar um Drex': entenda o real digital
Se todo mundo fala "fazer um Pix", em breve vamos ouvir "usar um Drex". É o que prevê o Banco Central. O órgão anunciou que a moeda virtual brasileira vai se chamar Drex. Entenda o que já se sabe sobre o projeto e o que ele vai impactar no dia a dia dos brasileiros.
O que é Drex?
É a versão digital do real. O Drex vai ser um sistema com duas moedas: uma de atacado (a moeda virtual regulada), que será usada para pagamentos entre o BC e instituições financeiras autorizadas, e uma de varejo (que vem sendo chamada de real tokenizado), que será emitida pelo mercado e vai chegar ao consumidor final.
De onde veio o nome Drex?
A sigla é a abreviação da expressão "Digital Real X". Segundo o BC, a combinação de letras forma uma palavra "com sonoridade forte e moderna" e fazem alusão ao Real Digital. Já o "e" vem de eletrônico e o "x" passaria a ideia de "modernidade e de conexão".
Logo tem duas setas dentro da letra "D". O BC diz que as setas fazem alusão a uma transação e têm relação com a evolução do real para o ambiente digital. A imagem busca reforçar a agilidade da nova moeda. A transição da cor azul para o verde claro passa a mensagem de "transação concluída", de acordo com o BC.
Drex e Pix são iguais?
Drex e Pix são completamente diferentes. O BC destacou, porém, no anúncio que o Drex dá "continuidade à família de soluções do BC iniciada com o Pix". O BC diz que, no futuro, ouviremos as pessoas dizendo que vão "usar um Drex". O órgão diz que vai usar as lições aprendidas com o Pix para tornar o Drex uma plataforma "muito popular que possa ser parte do cotidiano das pessoas".
Drex vai ser uma nova forma de dinheiro. A ideia do BC é complementar o sistema financeiro que já existe hoje com a nova moeda. O valor das moedas será sempre o mesmo: 1 Drex vai equivaler a R$ 1.
Drex é uma criptomoeda?
Drex não é uma criptomoeda. A principal diferença entre as criptomoedas e o Drex é que ele vai ser regulado. Moedas como bitcoin e ethereum não têm nenhum tipo de regulamentação. A solução, segundo o BC, "propiciará um ambiente seguro e regulado para a geração de novos negócios e o acesso mais democrático aos benefícios da digitalização da economia a cidadãos e empreendedores".
O real tokenizado vai permitir transações entre pessoas de forma direta. Arthur Igreja, especialista em tecnologia e inovação, dá um exemplo prático: na Califórnia, as pessoas conseguem tokenizar o documento do carro. Na hora de vender, a própria pessoa consegue acessar o documento e trocar a titularidade, sem precisar ir a algum despachante ou cartório.
Já posso usar o Drex?
Expectativa é de que a moeda chegue aos brasileiros ao final de 2024. A data pode atrasar caso o BC precise realizar mais testes. Todas as transações vão ser simuladas, com a participação do BC e agentes do mercado para realizar os testes necessários antes de o Drex ser implementado oficialmente.
O objetivo da nova moeda é facilitar as transações e diminuir os custos. O projeto começou em março. Ele foca no desenvolvimento da infraestrutura para a criação da moeda digital brasileira.
A ideia é que o Drex seja uma alternativa ao uso de cédulas. Outros países já lançaram as suas moedas digitais, chamadas de CBDC (do inglês Central Bank Digital Currencies; a sigla pode ser traduzida para o português como "moedas digitais de banco central"). Alguns deles, como a Suécia, a China e a Coreia do Sul, estão em fase de execução dos projetos-piloto.
Quanto vai custar usar o Drex?
Ainda não se sabe. O BC diz que cada instituição vai definir o custo para o serviço ofertado. Há possibilidade de que o serviço seja gratuito ou com um custo significativamente inferior ao usado pelo serviço similar anterior à adoção do Drex, segundo o BC.
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Quero receberComo o Drex vai funcionar?
Ainda não dá para saber todos os tipos de serviço que vão surgir a partir do Drex. Em março, Fábio Araújo, coordenador da iniciativa do real digital no BC, disse em coletiva de imprensa que as soluções serão criadas pelas instituições financeiras. Araújo disse que o BC é responsável por regulamentar a nova ferramenta, mas que o mercado é criativo para implementar novas soluções.
Uma funcionalidade possível é que o Drex seja usado para pagamentos, por meio de carteiras digitais. As carteiras digitais serão custodiadas por instituições financeiras autorizadas pelo BC.
Drex poderá ser convertido para qualquer outra forma de pagamento atual. O BC diz que pode ser transformado em depósito bancário convencional ou em real físico, além de poder ser usado em pagamentos do dia a dia.
Dinheiro em papel não vai deixar de existir. O Drex será uma opção ao uso de cédulas e, por ter foco no uso online, não deve ter impacto na circulação de dinheiro em espécie em um primeiro momento, segundo o BC.
Outra possibilidade são os "contratos inteligentes". Na prática, eles permitem programar pagamentos e transações que podem começar a partir de objetos, como na venda de um carro.
Quais as potenciais aplicações em teste?
Algumas aplicações do real digital foram testadas no Lift Challenge. É uma edição especial de um laboratório de inovação do BC para avaliar possíveis funções da moeda criadas por agentes do mercado. Conheça algumas delas:
O Itaú estudou transferências internacionais de dinheiro. Os testes foram feitos com envios de recursos da tesouraria do Itaú brasileiro para a unidade do banco na Colômbia.
A Visa focou em pequenas e médias empresas, buscando uma forma para que estas companhias tivessem acesso a fundos de investimentos internacionais por meio do real digital.
A Vert, empresa de tecnologia para serviços financeiros, tinha como objetivo oferecer crédito rural via real digital, de forma mais fácil, rápida e com menos etapas.
O Santander propôs uma solução que permite o pagamento de um bem, como um carro ou imóvel, aconteça no mesmo instante em que seu direito de propriedade é transferido para o comprador.
A Febraban apresentou uma solução de entrega de encomendas para o e-commerce por uma rede de armários programáveis baseada na internet das coisas. Na prática, oferece uma solução de logística em que diferentes plataformas de e-commerce poderão ter acesso a pontos seguros de entrega.
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