Puxada por gasolina, prévia da inflação acelera e atinge 5% em 12 meses
Do UOL, em São Paulo
26/09/2023 09h02Atualizada em 26/09/2023 12h49
O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor - Amplo 15), considerado uma prévia da inflação oficial, registrou alta de 0,35% em setembro, divulgou hoje o IBGE.
O que aconteceu
Índice acelerou em relação ao mês anterior. Em agosto, o IPCA-15 ficou em 0,28%. O resultado ficou um pouco abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,38%.
Resultado foi influenciado principalmente por alta no preço da gasolina, que subiu 5,18% no mês. O item respondeu sozinho por 71% do IPCA-15 de setembro. Quanto as demais combustíveis, o óleo diesel (17,93%) e gás veicular (0,05%) tiveram alta, enquanto o etanol (-1,41%) registrou queda. A Petrobras anunciou um reajuste nos preços da gasolina e do diesel para as distribuidoras em agosto.
Nos últimos doze meses, o índice acumula alta de 5%, acima dos 4,24% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Está também acima da meta do Banco Central, de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. No ano, o IPCA-15 subiu 3,74%.
Seis dos nove grupos pesquisados registraram alta no mês. A maior variação positiva foi em transportes, que abarca a gasolina, e subiu 2,02% no mês. Já a maior queda foi a do grupo de alimentação e bebidas, que caiu -0,77%. O IBGE destacou que os preços para alimentação em casa tem diminuído nos últimos três meses.
Veja variação em cada um dos grupos em setembro
- Transportes: 2,02%
- Vestuário: 0,41%
- Despesas pessoais: 0,35%
- Habitação: 0,30%
- Saúde e cuidados pessoais: 0,17%
- Educação: 0,05%
- Comunicação: -0,15%
- Artigos de residência: -0,47%
- Alimentação e bebidas: -0,77%
Combustíveis ficaram mais caros na metade de agosto
Petrobras anunciou reajuste de 16,3% na gasolina e de 25,8% no diesel. O aumento vem na esteira da alta da cotação internacional do petróleo e reduz a defasagem que a empresa tinha em relação ao preço internacional, depois de a estatal ter chegado ao "limite da sua otimização operacional", segundo comunicado da companhia.
Postos têm autonomia para repassar os valores para clientes. O aumento médio ficou na casa dos 2%, de acordo com pesquisa da empresa de logística Ticket Log.
A gasolina é o item de maior peso no IPCA. No grupo dos combustíveis, houve alta de 17,93% no preço do diesel e de 0,05% no gás veicular, segundo o IBGE. O etanol, por sua vez, teve queda de -1,41%.
Alimentação no domicílio fica mais barata
Houve deflação nos preços da alimentação em casa. Alguns dos alimentos mais populares ficaram mais baratos, como a batata-inglesa (-10,51%), a cebola (-9,51%), o feijão-carioca (-8,13%), o leite longa vida (-3,45%), as carnes (-2,73%) e o frango em pedaços (-1,99%).
Outros alimentos registraram alta, como o limão (+32,2%), arroz (+2,45%) e as frutas (+0,40%).
O que diz o mercado
Analistas consideram que a inflação no Brasil já atingiu seu ponto mais fraco no ano e tende a ficar mais pressionada até o final de 2023. Pesquisa Focus divulgada na segunda-feira pelo Banco Central junto mostra que a expectativa do mercado é de que o IPCA encerre este ano em 4,86%, indo a 3,86% em 2024. Na semana passada, o BC reduziu a Selic em 0,5 ponto percentual, para 12,75%, avaliando em ata ser pouco provável intensificar os cortes na taxa de juros à frente.
Dados são positivos. Essas surpresas de baixas nos preços fortalecem um cenário de desinflação consistente, diz Rafael Costa, analista e integrante do time de estratégia macro da BGC Liquidez.
Mas há incertezas. "Olhando o comportamento dos preços de serviços, ainda há instabilidades. Aluguel e condomínio são exemplos. Então temos alguma incerteza à frente sobre o processo de desinflação", diz Luiz Felipe Bianconi, economista da SulAmérica Investimentos, reforçando que os números são positivos para o mercado.