Entenda o que são ações e saiba como começar a investir
Com a possibilidade de diversificar os investimentos e crescer o patrimônio a longo prazo no mercado financeiro, as ações são uma das opções mais populares de renda variável. Ao adquirir um papel de uma empresa, ou seja, uma fração dela, a pessoa se torna um sócio. Além da chance de ganhos por meio da valorização dos papéis e distribuição de dividendos, é preciso ficar atento quanto aos riscos, já que o retorno não é garantido e envolve riscos, como a volatilidade do mercado e a incerteza econômica de dentro ou fora do Brasil.
Entenda
Empresas estão listadas na Bolsa de Valores. A B3, Bolsa de Valores brasileira, reúne mais de 400 empresas listadas que estão disponíveis para receber os acionistas, investidores dispostos a comprar suas ações. Nela, é possível encontrar diversos setores, como financeiro, petróleo, gás e energia, varejo, educação, tecnologia e agronegócio.
Há dois tipos de ações disponíveis ao investidor. As ações podem ser de dois tipos, ordinárias ou preferenciais, sendo que a principal diferença é que as ordinárias dão o direito de voto nas assembleias de acionistas, e as preferenciais permitem o recebimento de dividendos em valor superior ao das ações ordinárias, bem como a prioridade no recebimento de reembolso do capital.
Necessário abrir conta em uma corretora. Para começar a investir, é preciso abrir uma conta em uma corretora de valores regularizada pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), órgão responsável por fiscalizar e regular o mercado de valores mobiliários no Brasil. Normalmente, todo esse processo é gratuito. Após a conta aberta, o investidor vai ter acesso ao home broker, onde as negociações acontecem entre 10h às 17h, de segunda a sexta-feira.
Primeiro passo é a análise do perfil do investidor. Ao UOL, Ricardo Teixeira, coordenador de MBA de Gestão de Finanças da FGV, diz que, ao fazer o cadastro, a pessoa responde um questionário que vai dizer qual é o seu perfil de investidor, se é conservador, moderado ou, eventualmente, arrojado. A partir dessa análise, é preciso fazer suas escolhas e arcar com elas, que podem ser positivas ou negativas dependendo da ação escolhida.
Esse perfil vai definir o tipo de orientação e indicação que a corretora vai dar a você com relação a investimentos. Vale muito a pena conversar com os assessores dessa empresa para ouvir a opinião deles sobre o que você está pretendendo fazer e o que eles sugerem que você faça. A decisão é sempre sua e você não pode depois culpar nem o corretor, nem a corretora por alguma decisão que você tome que não seja bem sucedida. Portanto, pense bem, faça sua escolha, mas ouça os especialistas. E aí, com base nas informações que você tiver, decida como quer investir. A culpa por um bom ou mau investimento, os louros ou os prejuízos, nunca são da corretora ou do corretor. O risco é sempre seu.
Ricardo Teixeira, coordenador de MBA de Gestão de Finanças da FGV
O mercado de ações pode ser uma opção interessante para quem busca variar seus investimentos e visa principalmente para longo prazo. Já sobre os ganhos, eles sempre vão depender do momento de entrada e do momento de saída. Comprar na baixa e vender na alta é uma das formas de garantir o lucro, mas não é possível saber exatamente quanto a empresa vai subir ou qual será o tamanho da desvalorização. Teixeira afirma que, quanto maior a possibilidade de ganho, maiores são os riscos também.
Sempre tome as suas decisões procurando saber qual o risco que você vai correr. Lembre-se: quanto maior a possibilidade de lucratividade, maior também a possibilidade de prejuízo. Isso é proporcional e, tomada a decisão, dificilmente você vai conseguir voltar no momento que as coisas não estiverem indo bem. É possível desistir e realizar o prejuízo, mas dificilmente você vai conseguir voltar atrás e retornar para a situação anterior de quando você encontrou aquela ação.
Ricardo Teixeira, coordenador de MBA de Gestão de Finanças da FGV
Quais os riscos?
Até março de 2024, a B3 tinha 5,1 milhões de investidores em renda variável e 16,3 milhões em renda fixa. Essa diferença da escolha de um investimento para outro é explicada por Gilvan Bueno, especialista em finanças, que diz que o brasileiro não é tão aderente ao mercado de ações, porque nele não é possível ter certeza de retorno. "A economia é cíclica e tem momentos de alta e de baixa. A estratégia mais acertada é investir um pequeno valor ao longo de diversos períodos e não ficar concentrada em uma janela do tempo", afirma Bueno à reportagem.
Expectativas em torno das empresas ditam altas e baixas. O que também vai definir o momento de alta e baixa sempre vai depender da expectativa que existe em relação à valorização e desvalorização das ações daquela empresa, segundo Teixeira. Se o setor ou aquela instituição está com uma lucratividade muito boa, é porque existe uma expectativa de crescimento, de aquisição ou de concorrentes.
O mercado de ações pode dar grande lucratividade, mas também tem muitos riscos. Teixeira, da FGV, afirma que é possível que uma pessoa faça investimento em um determinado dia e, uma semana depois, precisar daquele dinheiro. Mas antes de começar a comprar ações, ele alerta sobre algumas regras básicas que todo o investidor precisa saber e seguir.
Você pode acabar vendendo na baixa, não conseguir tirar o valor que colocou, e isso vai deixar esse investidor muito chateado, principalmente se ele estiver precisando do dinheiro. Então, algumas regras básicas são: nunca tome dinheiro emprestado, nem de bancos, nem de amigos ou de parentes, porque quando você pega um empréstimo em bancos, por exemplo, você vai pagar uma taxa de juros que, neste momento, dificilmente (ou até quase impossível) que você consiga pagar com o retorno das ações. Também não tome dinheiro emprestado com ninguém, porque, se der algum problema, as amizades e eventualmente os laços de parentes vão ficar abalados ou talvez até mesmo rompidos.
Ricardo Teixeira, coordenador de MBA de Gestão de Finanças da FGV
Como lucrar com ações?
Encontrar empresas que dão dividendos. Na prática, empresas que distribuem no mínimo 25% do seu lucro para os acionistas é o caminho mais indicado para quem está analisando quais papéis comprar, diz Bueno, que ensina outras estratégias para quem quer começar nesse tipo de renda variável.
Uma grande estratégia é diversificar e pulverizar seus aportes para que encontre vários momentos diferentes ao longo do tempo. A ideia de investir mensalmente é muito relevante e, com a democratização do acesso, é possível investir qualquer valor, seja de R$ 5, R$ 10, R$ 15, R$ 20, R$ 30, porque as empresas que têm ações variam de preço, e dá para comprar uma unidade, cinco, dez, cem unidades ou mais. É possível investir com qualquer quantia e comprar quantas ações você quiser.
Ricardo Teixeira, coordenador de MBA de Gestão de Finanças da FGV
Dedicar até 20% dos investimentos na Bolsa. Antes mesmo de começar a lucrar com ações, Teixeira diz que, do total de dinheiro disponível para investir, o ideal é que seja, no máximo, 20% destinado à Bolsa, até mesmo para ver como o investimento se comporta.