Veja profissões mais bem remuneradas e as que passaram a pagar mais no país
Médicos especialistas são os profissionais mais bem pagos do Brasil, mas a remuneração média caiu 13% desde 2012. Já os desenvolvedores de página de internet e multimídia tiveram a maior valorização salarial no período, com um salto de 91% na remuneração média real, já descontada a inflação. Os dados são da FGV IBRE (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas).
O que mostra o estudo
O levantamento teve como base as 126 profissões listadas na Pnad Contínua do IBGE. A pesquisa usou como filtros trabalhadores do setor privado e com ensino superior que atuam nas ocupações mais bem pagas, ou seja, acima do rendimento médio do trabalhador no Brasil (R$ 2.836). O estudo tem como base comparativa o segundo trimestre de 2012 e o segundo trimestre de 2023.
Só quatro das 17 ocupações mais bem pagas tiveram valorização salarial no comparativo com 2012. Desenvolvedores de página de internet e multimídia apresentaram o maior aumento médio, superior a 90%. Matemáticos, estatísticos e atuários—esses últimos são gestores de risco financeiro—, somaram 50% de alta. Desenvolvedores de programas e aplicativos registraram 39% de aumento e desenhistas e administradores de base de dados, 30%. Veja tabela abaixo:
Quase todas as profissões que passaram a pagar mais são da área de TI. A pesquisadora Janaína Feijó, que conduziu o estudo, explica que a procura por profissionais de tecnologia da informação é crescente, mas a quantidade de trabalhadores com esse conhecimento é baixa. "A tendência é que o empregador passe a oferecer um salário mais alto como uma forma de atrair esse profissional", afirma.
O mercado de trabalho tem passado a demandar mais profissionais da área de TI. Essa é uma das grandes transformações que vem ocorrendo no mercado de trabalho mundial. Foi na pandemia que aconteceu, de certa forma, um boom da demanda de profissionais relacionados a essa área.
Janaína Feijó, pesquisadora da FGV Ibre
Salário de engenheiros despenca
Profissões mais tradicionais registraram queda no salário médio. O rendimento de engenheiros químicos, por exemplo, caiu 52% entre 2012 e 2023. Na mesma linha, engenheiros civis e economistas tiveram uma redução de 41% e 39%, respectivamente.
A recessão econômica da década passada pesou nas remunerações. Janaína elenca a crise iniciada em 2014 como um dos fatores que explicam a queda nos salários médios, assim como a onda de desemprego durante a pandemia. Ela cita também a troca da carteira assinada pelo trabalho autônomo.
Mudanças no mercado de trabalho devem ser observadas com atenção. A pesquisadora da FGV Ibre diz que a tendência é que áreas tidas como mais tecnológicas ganhe espaço nos próximos anos. Mas apenas um diploma não será suficiente para se destacar, alerta Janaína.
O que os relatórios mundiais falam sobre a propagação da inteligência artificial é que, ao longo do tempo, aquelas profissões que são de caráter mais repetitivo e operacional, vão ser substituídas por máquinas. Agora, aquela profissão que exige mais habilidades, além do conhecimento específico, essas dificilmente vão ser substituídas.
A valorização de TI será maior ao longo do tempo, claro. Mas também vai ter uma valorização muito grande por indivíduos que conseguem pensar, conseguem propor, são inovadores, propor ideias disruptivas [soft skills].
Janaína Feijó
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