Empresa produz bioplástico com fermentação da cana-de-açúcar

Sustentabilidade já era uma preocupação do empresário Kim Fabri quando ele conheceu uma tecnologia capaz de produzir um bioplástico a partir da fermentação de cana-de-açúcar. Ele então fundou a startup ERT. Hoje, a empresa produz 3.000 toneladas de uma resina usada pela indústria para criar sacolas plásticas e embalagens

Como surgiu a ideia

Kim conheceu a tecnologia do bioplástico em 2018 em uma viagem aos EUA. É a ERT, Earth Renewable Technologies, que em português significa Tecnologias Renováveis da Terra) em 2018. Foi só em 2021, porém, que ele criou a empresa no Brasil.

É produto certificado e compostável. Um plástico é definido como bioplástico se o seu início de vida for a partir de fonte renovável (vegetal, não fóssil, como petróleo) ou ter o seu fim de vida compostável, explica Fabri. "Os produtos com o bioplástico da ERT atendem os dois requisitos: têm fonte renovável e são compostáveis." O mercado de bioplástico é certificado por selos internacionais para comprovar a sua composição. Fabri afirma que os produtos da ERT são certificados internacionalmente pelo TUV Austria, que é o órgão certificador mais reconhecido neste setor.

A ideia era escalar a tecnologia para uso da indústria. Fabri diz que seus clientes são as indústrias de transformação plástica. Elas compram a sua matéria-prima para produzir artigos como sacolas plásticas biodegradáveis e embalagens de produtos descartáveis como canudos, talheres, pratos e pratos.

A fábrica, localizada em Curitiba (PR), produz 3.000 toneladas ao ano da resina. Ela é feita de poliácido lático (também conhecido como PLA), obtido pela fermentação da cana-de-açúcar. O material vira adubo em até 180 dias, sem a produção de microplásticos e, consequentemente, evita a poluição do meio ambiente com plásticos.

Agronegócio brasileiro foi chamariz

O potencial do agro brasileiro foi determinante na decisão de criar sua empresa com foco no bioplástico. "O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo. O potencial para o país também ser referência na produção de plástico compostável é gigante", afirma Fabri.

Produção ainda não é 100% nacional. Além da cana-de-açúcar, a resina também leva amido, serragem de madeira e casca de açaí, além de um componente químico importado da Ásia. A previsão é de que a matéria-prima seja 100% produzida no Brasil em até dois anos.

Startup levantou R$ 82 milhões em investimento e projeta nova fábrica

A startup já conta com investidores. Fabri conta que, diante do potencial de crescimento e escalabilidade do produto, em 2022, a empresa levantou R$ 50 milhões com a XP Private e, em 2023, captou R$ 32 milhões com a Positivo Tecnologia.

Continua após a publicidade

Com o recurso, a companhia está construindo uma nova fábrica em Manaus. A previsão é de que as atividades iniciem ainda no segundo semestre deste ano. "O polo industrial de Manaus utiliza muito plástico nas embalagens dos produtos fabricados por lá. A construção da fábrica no local foi estratégica neste sentido. Nossa meta é ser o maior fornecedor de matéria-prima de bioplástico de lá", conta Fabri.

A empresa não divulga o faturamento por estratégia de seus investidores. Porém, o empresário afirma que pretende dobrar a produção e o faturamento em relação ao ano passado. "No primeiro trimestre, o volume de produção cresceu 122% e o faturamento 135%, na comparação com igual período no ano passado. O que mostra que estamos no ritmo para atingir a nossa meta."

Deixe seu comentário

Só para assinantes