Assédio, estresse e sobrecarga afetam mulheres no trabalho, aponta pesquisa

Como anda o mercado de trabalho, a saúde, a segurança, os direitos e as responsabilidades domésticas das mulheres ao redor do mundo? O relatório Women At Work busca entender esse panorama ano após ano. Uma pesquisa global com mais de 5.000 mulheres aponta os principais desafios das mulheres no mercado de trabalho

Em sua quarta edição, o estudo realizado pela Deloitte mostra pontos críticos no local de trabalho e na sociedade que podem impactar profundamente as carreiras das mulheres e até onde os empregadores podem ir para ambiente onde as trabalhadoras prosperem mundialmente.

Retrospectiva

Impacto da covid-19. Os anos de 2021 e 2022, segundo a companhia, foram dominados pelos impactos negativos da pandemia e pelos desafios pós-pandemia. Eles revelaram um mundo de trabalho onde as mulheres lutavam contra o esgotamento, sofriam exclusão à medida que as organizações mudavam para o trabalho híbrido e encontravam comportamentos não inclusivos.

Mesmo com o fim da pandemia, a sobrecarga continua. Em 2023, houve alguns sinais de melhoria nestas áreas, mas os elevados níveis de stress, as pesadas cargas domésticas, a falta de apoio no local de trabalho para os desafios de saúde física e mental e as preocupações com o trabalho flexível continuaram — e quase metade das mulheres ainda enfrentava comportamentos não inclusivos no trabalho. Ano passado, mais mulheres pediram demissão do que nos dois anos anteriores juntos.

No mundo

Mundialmente, as mulheres estão mais estressadas. O estigma da saúde mental persiste, e as longas horas de trabalho cobram seu preço, como mostram os números:

  • Metade das mulheres na pesquisa deste ano descrevem seus níveis de estresse como mais altos do que no ano passado;
  • Dois terços das mulheres não se sentem confortáveis em discutir saúde mental no trabalho ou revelar a saúde mental como motivo para tirar folga;
  • Mais de 40% das mulheres que sentem altos níveis de dor devido à menstruação dizem que lidam com isso sem afastamento do trabalho; e 39% que sentem dor ou desconforto devido à menopausa dizem que superam isso, quase o dobro da porcentagem de mulheres que disseram isso em 2023;
  • Metade das mulheres que vivem com um parceiro e têm filhos em casa têm a maior responsabilidade pelos cuidados com os filhos, 4% a mais do que em 2023;
  • Apenas uma em cada dez mulheres se sente apoiada por seus empregadores para equilibrar suas responsabilidades de trabalho com seus compromissos fora do trabalho;
  • Mais de 40% das mulheres na pesquisa dizem que seu empregador recentemente implementou uma política de retorno ao escritório, exigindo que estejam no local de trabalho em tempo integral ou em certos dias.

No Brasil

Preocupação com direitos e segurança financeira. As mulheres brasileiras expressam preocupações com a deterioração dos direitos femininos e sua segurança pessoal e financeira. Embora o esgotamento esteja diminuindo globalmente, os níveis de estresse e o estigma da saúde mental persistem no local de trabalho. Desafios menstruais, menopausa e fertilidade afetam as mulheres, mas muitas se sentem incapazes de buscar apoio.

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A sensação de falta de apoio para equilibrar responsabilidades profissionais e pessoais é comum. Preocupações com segurança no trabalho persistem, com relatos de assédio e micro agressões. Lideranças de igualdade de gênero são reconhecidas, mas ainda são poucas. O UOL separou alguns números de destaque na pesquisa sobre as mulheres no Brasil:

  • 17% das mulheres brasileiras acreditam que os direitos das mulheres se deterioraram no último ano em comparação com 14% globalmente;
  • 42% das mulheres brasileiras que enfrentam dor ou sintomas menstruais superam esses desafios, em comparação com 40% globalmente;
  • Apenas 12% das mulheres no Brasil acreditam que suas organizações estão tomando medidas concretas para cumprir o compromisso com a diversidade de gênero;
  • 30% das mulheres no Brasil que foram obrigadas a retornar ao local de trabalho em tempo integral pediram para reduzir suas horas de trabalho;

Apenas 6% das mulheres no Brasil trabalham para organizações reconhecidas como líderes em igualdade de gênero. Ou seja, elas ainda enfrentam desigualdades nas tarefas domésticas e responsabilidades de cuidados. E as empresas se deparam com desafios na promoção da igualdade de gênero e na criação de uma cultura inclusiva. Apesar das melhorias nas experiências de trabalho híbrido, algumas mulheres relatam dificuldades após políticas de retorno ao escritório e seguem com problemas para equilibrar vida pessoal e profissional.

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