'BNDES não é caixa-preta, é aquário', diz Nelson Barbosa, diretor do banco
O diretor de planejamento e estruturação de projetos do BNDES, Nelson Barbosa, afirmou que o banco não é uma "caixa-preta", mas sim um "aquário". Barbosa fez a declaração no UOL Entrevista desta sexta-feira (24).
O que aconteceu
Barbosa afirmou que o BNDES disponibiliza todas as operações do banco online. O diretor disse que o BNDES chegou a receber um prêmio por transparência e que todas as operações da instituição estão disponíveis online. Na verdade, o banco passou a liderar, no fim do ano passado, o ranking de transparência das estatais elaborado por CGU (Controladoria-Geral da União) e Atricon (Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil).
Em 2019, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que o BNDES era uma "caixa-preta". Uma auditoria foi encomendada pelo banco, no valor de R$ 48 milhões, mas não foi comprovada nenhuma evidência de corrupção em operações relacionadas ao grupo J&F.
O BNDES recebeu um prêmio, se não me engano do próprio TCU [na verdade, é um ranking da CGU], como instituição mais transparente. O BNDES não é caixa-preta, o BNDES é um aquário.Todas as operações estão online, você pode consultar, tem prestação de contas. Então sobre isso acho que é mais um mito. Pode ser que no passado havia pouca transparência, mas isso evoluiu, o que tinha que ser consertado está sendo consertado.
Nelson Barbosa, diretor do BNDES
Volta da exportação de serviços
A imagem do BNDES ficou arranhada graças ao calote sofrido pelo banco em investimentos aplicados em outros países, sobretudo da América Latina. Segundo reportagem da Folha com dados do banco, foram desembolsados US$ 10,5 bilhões entre 1998 e 2017 para exportação de serviços ao exterior. Deste total, 89% foram em favor de seis países: Angola, Argentina, Venezuela, República Dominicana, Equador e Cuba. Desses, dois deram calote: Venezuela e Cuba.
O BNDES não está financiando mais exportação de serviços. Barbosa afirmou que Cuba e Venezuela tinham linhas de financiamento, em que empresas tomavam dinheiro com o banco para exportar serviços aos países. Houve calote dos dois países e o diretor disse que o BNDES foi reembolsado pelo governo federal e que a dívida fica de responsabilidade da União. As operações foram interrompidas em 2016, durante as investigações da Operação Lava Jato.
A intenção do BNDES é voltar a oferecer este tipo de financiamento. Barbosa afirmou que o órgão está discutindo com o TCU a melhor forma de retomar esse tipo de financiamento e reforçou que existe um projeto de lei, apresentado pelo governo federal, para criar uma subsidiária do BNDES que seria responsável por este tipo de operação.
Essas atividades estão suspensas. Hoje não estamos mais financiando exportação de serviços. Temos trabalhado junto ao TCU para que, se isso for retomado, como que pode ser retomado. A nossa proposta é fazer o que outros paises fazem. Estados Unidos financia, Europa financia exportação de serviços, até mais do que nós.
Nelson Barbosa, diretor do BNDES
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