Minério de ferro e petróleo provocam queda na Bolsa e alta no dólar

A Bolsa de Valores de São Paulo fechou esta terça-feira (23) em queda de 0,99%, segundo dados preliminares, indo a 126.589,84 pontos. O dólar terminou o dia em 0,29%, indo para R$ 5,585. Uma baixa geral no mercado internacional de produtos básicos (commodities) como minério de ferro e petróleo foi o principal fator que provocou a queda do Ibovespa e alta da moeda americana.

O que aconteceu?

O minério de ferro e o petróleo no mercado internacional subiram e provocaram a queda da Bolsa hoje. O preço do barril de petróleo do tipo Brent, por exemplo, caiu hoje 1,71%, indo a US$ 81,01. Mesmo depois da alta de juros na China, o mercado teme que isso não seja suficiente para aumentar a demanda chinesa por produtos básicos. Uma grande exportadora, a Companhia Siderúrgica Nacional, a CSN (CSNA3), foi uma das maiores as perdas do dia, queda de 4,42%, indo a R$ 37,56.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) e outras empresas de produtos básicos também fecharam em baixa. PETR3, por exemplo, caiu 0,90%, indo para R$ 40,70. PETR4 teve baixa de 0,95%, chegando a R$ 37,56. Vale (VALE3) chegou a R$ 60,12, com baixa de 1,52%. Os dados são preliminares.

Além disso, houve um fator de "ajuste ". "A queda hoje do Ibovespa pode ser atribuída também a uma correção técnica devido a forte alta ao longo do mês de julho", diz Andre Fernandes, diretor de renda variável e sócio da A7 Capital. "Do dia 19 de junho até 17 de julho o Ibovespa subiu em linha reta, mais de 8%, então uma correção é natural", afirma.

E o dólar?

A moeda americana teve hoje valorização no mundo todo, principalmente contra moedas emergentes. Isso também foi provocado pela queda no preço das commodities. "É o caso do dólar australiano, rand africano e do real. As moedas estão refletindo as fortes quedas no petróleo e commodities metálicas, como o minério de ferro ", explica Fernandes.

Isso acontece porque se as commodities passam a valer menos, elas contribuírem para uma balança comercial ruim nesses países. Ou seja, eles vendem por menos e a quantidade de dólares que entram nesses países cai. "Isso causa uma aversão a risco por parte dos investidores em se expor a esses países", diz Fernandes.

E continua a preocupação com o fiscal

Esse é outro ponto que vem afastando investidores da Bolsa, já que metade do Ibovespa é capital estrangeiro. "Acredito que a procura de um equilíbrio entre gastos e arrecadação do governo não está sendo tão bem avaliada pelo mercado e isso pode não ser suficiente para conter o risco fiscal do país", diz Hemelin Mendonça, educadora financeira e sócia da AVG Capital.

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O mercado ainda reflete o relatório bimestral de despesas e receitas do governo divulgado ontem, segunda-feira. "Houve um aumento expressivo nas despesas obrigatórias. Apesar do déficit projetado se encontrar na banda inferior da meta para 2024, o mercado acha que o governo está subestimando o aumento das despesas obrigatórias", diz Fernandes, da A7 Capital.

O governo federal elevou para R$ 28,8 bilhões a projeção de déficit primário em 2024, segundo o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas. O relatório anterior, divulgado em maio, previa déficit de R$ 14,5 bilhões. Em março, o déficit estava previsto em R$ 9,3 bilhões.

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