Voepass já foi Passaredo: o que se sabe sobre a aérea do avião que caiu

A companhia aérea Voepass, que operava o avião que caiu em Vinhedo (SP) nesta sexta-feira (9), foi fundada na década de 1990 em Ribeirão Preto (SP) e é considerada a mais antiga em operação no país. Já passou por uma recuperação judicial e é especializada em voos regionais. Recentemente, ampliou um acordo de compartilhamento de voos com a Latam.

Histórico

A Voepass foi fundada em 1995 em Ribeirão Preto (SP) por José Luiz Felício. Era o braço aéreo da viação rodoviária Passaredo, funcionando com o mesmo nome até 2019, quando mudou de nome para Voepass.

Atualmente, a Voepass voa com uma frota de 15 aeronaves da fabricante ATR, que é controlada pela francesa Airbus e pela italiana Leonardo. Opera em 37 destinos em todas as regiões do país e tem 0,5% do mercado brasileiro, segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

Em 2012, a empresa entrou em recuperação judicial com uma dívida estimada em R$ 150 milhões. A Voepass saiu da recuperação judicial em 2017.

No mesmo ano em que saiu da RJ, a Passaredo fechou acordo para ser vendida para a viação Itapemirim. Mas a venda foi cancelada alguns meses depois, por não cumprimento de condições previstas no contrato.

Disputa com a Azul e slots em Congonhas

Em 2019, a Passaredo comprou a MAP Linhas Aéreas, com sede em Manaus, e passou a se chamar Voepass. Na mesma época recebeu 14 slots no aeroporto de Congonhas em São Paulo. Com os slots que vieram da MAP, a Voepass ficou com 26 slots.

Com a compra da MAP e os slots em Congonhas, a empresa entrou em disputa com a Azul. A Voepass chegou a acusar a Azul de assediar seus pilotos para prejudicar suas operações. Em 2021, a Voepass vendeu a MAP para a Gol.

A Voepass tem acordo de codeshare com a Latam desde 2014. O codeshare é um acordo em que as companhias aéreas compartilham voos. A parceria em geral envolve rotas não sobrepostas que são operadas por apenas uma das empresas parceiras. Em 2023, a empresa ampliou a parceria com a Latam, com a inclusão de mais 13 destinos. A Voepass utiliza aviões ATR 72 e ATR 42, com capacidade para até 70 passageiros e faz voos domésticos de curta distância.

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Em março de 2024, a empresa fechou outro acordo com a Latam, envolvendo os slots em Congonhas. O acordo inclui a permuta dos slots do aeroporto de Congonhas em troca de debêntures (tipo de dívida). Prevê também a possibilidade de a Latam converter as debêntures em ações da Voepass, segundo informações do jornal O Globo.

Em nota, a Latam disse que "lamenta e presta o seu profundo pesar aos familiares dos passageiros do voo 2283 operado pela Voepass". Disse também que a Voepass, "empresa aérea responsável pela operação deste voo, é uma das companhias com as quais a Latam possui acordo de codeshare".

A Voepass disse em comunicado que "prioriza prestar irrestrita assistência às famílias das vítimas e colabora efetivamente com as autoridades para apuração das causas do acidente". Todas as 61 pessoas a bordo do voo 2283 morreram no local.

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