Dólar fecha abaixo de R$ 5,50 e Bolsa sobe

Após voltar ao patamar dos 130 mil pontos, a Bolsa de Valores de São Paulo fechou em alta pela quinta vez consecutiva. O Ibovespa teve uma valorização de 0,38%, indo a 131.117,00, conforme dados preliminares.

O dólar teve um dia de queda, e fechou em baixa de 0,34%, valendo R$ 5,496. Já o Turismo ficou em R$ 5,716. Essa é a menor cotação desde o final de junho.

O que aconteceu?

Um feriado no Japão ajudou o real nesta segunda. No país oriental, festeja-se de 13 a 15 de agosto a festa de Obon, um evento budista. Por isso existe uma trégua no desmonte de operações de "carry trade", explica Ariane Benedito, economista especialista em mercados de capitais.

Sem o "carry trade" o câmbio ajusta o valor do real. "É um ajuste depois de um processo especulativo muito grande que fez a moeda perder bastante", diz André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, plataforma de transferências internacionais.

No entanto, durante o pregão, houve muita oscilação. Num dos maiores momentos de queda, por volta das 14h, o dólar chegou a valer R$ 5,494. Em alguns instantes do dia, ele até ameaçou subir.

Isso aconteceu porque a maioria das moedas emergentes, com exceção do real, perdeu valor nesta segunda. Fatores geopolíticos, como a invasão da Ucrânia ao território russo e a possibilidade de o Hamas atacar Israel também fizeram o dólar perder valor em vários mercados. Isso, conjuntamente, fez o ouro subir.

Houve, entretanto, mais fatores positivos que ajudaram o real. Um fluxo de entrada de capital estrangeiro na semana passada colaborou para valorizar a moeda. "Em especial na quinta, dia 8, com a entrada de R$ 350 milhões", explica Hemelin Mendonça, especialista em mercado de capitais e sócia da AVG Capital.

E a Bolsa?

Nesta segunda, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que os diretores da autarquia farão o que for preciso para trazer a inflação para a meta. "A gente tem tido uma mensagem inequívoca e consensual de que o BC vai fazer o que for preciso para trazer a inflação para a meta, é muito importante, e é independente de quem seja o presidente, de qual seja o mandato, isso está bem sedimentado no grupo que temos hoje", afirmou ele, em evento em São Paulo. Ou seja, a taxa de juros deve continuar em alta.

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Na semana passada, o mercado se animou com essa possibilidade e com a manutenção da Selic por aqui. O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou na quinta (8) e também nesta segunda, em evento em São Paulo, que manterá os juros altos se for preciso. Ele deve ser o novo presidente do BC a partir de 2025.

Mas o mercado não queria juros mais baixos?

Sim. Mas agora espera-se que juros mais baixos nos EUA (como se prevê a partir de setembro) e a Selic em alta aqui possam trazer dólares para o Brasil. O fluxo de capital estrangeiro viria para cá em busca de melhor rendimento, já que aqui a taxa continua sendo a segunda maior do mundo.

Varejo em alta

Embora os especialistas antevejam uma alta de juros ainda este ano pelo Banco Central, a curva de juros mostrou nesta segunda uma queda em 2025. Isso significa que no ano que vem, a inflação poderá estar mais controlada e que não será preciso subir ainda mais os juros.

Esse fator fez as ações de varejo disparem. A maior alta do dia foi a das ações da Casas Bahia (BHIA3). O papel chegou a disparar 14,76%. Fechou em alta de 12,47%, indo a R$ 5,41, conforme dados preliminares. "Toda vez que há uma queda no DI futuro (contrato de juros futuros, que faz a curva de juros), como aconteceu hoje, as ações de empresas de consumo doméstico, que são mais sensíveis à queda das taxas, se valorizam", explica Paulo Luives especialista da Valor Investimentos.

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O especialista diz que havia uma expectativa de que os juros subissem no ano que vem e que a inflação continuasse subindo. Esse cenário melhorou. "Agora espera-se uma permanência das taxas no mesmo patamar", explica Luives. E foi isso que animou os investidores.

Os balanços com números positivos também cooperam. A Casas Bahia, por exemplo, divulgou na semana passada que reverteu o prejuízo e chegou a um lucro entre abril, maio e junho de R$ 37 milhões, um ano após o lançamento de seu plano de reestruturação.

Aconteceu o mesmo com o Magazine Luiza (MGLU3). O Magalu apresentou lucro de R$ 37,4 milhões enquanto no mesmo período de 2023 a varejista teve prejuízo de R$ 198,8 milhões. MGLU3 fechou em R$ 13,06, com alta de 0,77%, conforme dados preliminares.

A maioria das empresas da Bolsa divulgou bons resultados no segundo trimestre. "No geral, a maioria delas, não só de varejo, mas de outros setores, apresentou bons números do segundo trimestre", diz Fabrício Norbim, especialista também da Valor Investimentos.

Por isso, o mercado esqueceu os estragos da "Black Monday", quando há uma semana as Bolsas do mundo todo caíram temendo recessão nos EUA. "Embora o medo de recessão tenha gerado movimentos bruscos nos mercados recentemente, o consenso parece indicar que a economia americana não está à beira de uma recessão, mas sim passando por uma desaceleração moderada. Essa percepção será testada com os dados que estão por vir, mantendo os mercados em alerta", publicou Lucas Queiroz, analista do Itaú BBA.

Petrobras

A valorização do petróleo no exterior também ajudou as ações da Petrobras a subirem. PETR3 teve alta de 2,97%, indo a R$ 40,53. PETR4 subiu 2,57% fazendo o preço da ação chegar a R$ 37,45, conforme dados preliminares.

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