População em extrema pobreza no Brasil cai 40% em 2023, diz pesquisa

A população em situação de extrema pobreza no Brasil caiu 40% em 2023, aponta relatório do Observatório Brasileiro das Desigualdades divulgado hoje (27). Apesar da melhora, cenário no país ainda é grave.

O que aconteceu

Maior redução na extrema pobreza foi entre mulheres negras. Segundo o levantamento, a queda foi de 45,2% nesse grupo no ano passado, em comparação com 2022. Para a pesquisa, foram consideradas pessoas em situação de extrema pobreza aquelas cuja renda mensal per capita é inferior a R$ 109. Essa é a mesma classificação usada para selecionar beneficiários do Bolsa Família. O levantamento não publicou números absolutos de cada grupo.

Veja o percentual de pessoas em extrema pobreza por sexo e cor.

  • Mulheres negras: 1,9% (era 3,5% em 2022)
  • Homens negros: 2% (era 3,3% em 2022)
  • Mulheres não negras: 1,3% (era 2% em 2022)
  • Homens não negros: 1,3% (era 1,9% em 2022)

Por região, a queda foi maior no Norte do Brasil. A redução de pessoas em extrema pobreza na região foi de 45,1%. O Nordeste continua sendo a região com a maior taxa de extrema pobreza, apesar de uma queda de 42,6%.

Veja o percentual de pessoas em extrema pobreza por região.

  • Nordeste: 2,7% (era 4,7% em 2022)
  • Norte: 2% (era 3,6% em 2022)
  • Sudeste: 1,3% (era 2% em 2022)
  • Sul: 1,1% (era 1,5% em 2022)
  • Centro-Oeste: 1% (era 1,7% em 2022)

Brasil é o 20º país com mais pessoas em extrema pobreza, diz ranking da ONU atualizado em abril. Apesar das reduções apontadas no Observatório Brasileiro de Desigualdades, a ONU mostra que o Brasil ainda tem mais habitantes em situação de extrema pobreza do que países como Ruanda, Zimbábue, Sudão, Haiti e Nepal. A lista da ONU tem 164 nações. Em percentual da população total do país, o Brasil fica na 67ª posição.

Desocupação e renda

Taxa de desocupação no país caiu 19%. Essa redução foi similar entre mulheres (19,2%) e homens (18,8%), mas foi maior para o grupo de não negros (20,3%) do que o de negros (18,8%). No cruzamento de sexo e cor, a taxa de desocupação de mulheres negras é mais que o dobro do indicador de homens não negros.

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Veja a taxa de desocupação por sexo e cor.

  • Mulheres negras: 11% (era 14% em 2022)
  • Homens negros: 7% (era 9% em 2022)
  • Mulheres não negras: 7% (era 9% em 2022)
  • Homens não negros: 5% (era 6% em 2022)

Taxa de desocupação teve redução menor no Nordeste. A pesquisa mostra que o percentual de queda foi de 15,4%. O Norte e o Sudeste tiveram as maiores reduções, de 21,7% e 21,3%, respectivamente.

Veja a taxa de desocupação por região.

  • Nordeste: 11% (era 13% em 2022)
  • Norte: 8% (era 10% em 2022)
  • Sudeste: 7% (era 9% em 2022)
  • Centro-Oeste: 6% (era 7% em 2022)
  • Sul: 5% (era 6% em 2022)

Mulheres tiveram alta maior na renda em 2023, mas diferença em relação a homens ainda é grande. Os rendimentos no sexo feminino subiram 9,57%, enquanto no sexo masculino tiveram alta de 7,68%.

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Remuneração é 27% inferior para as mulheres em comparação aos homens. No ano passado, os homens ganhavam, em média, R$ 3.252, enquanto as mulheres ganhavam R$ 2.386,00.

Rendimento do 1% mais rico é 31,2 vezes maior que o dos 50% mais pobres. Diferença pouco mudou na comparação com 2022, quando a renda dos mais ricos era 30,8 vezes maior que a dos mais pobres.

Quem fez a pesquisa

Estudo é coordenado pela ABCD (Ação Brasileira de Combate às Desigualdades). A iniciativa recebeu o nome de Pacto Nacional pelo Combate às Desigualdades e tem o apoio de organizações sociais, associações de municípios, centrais sindicais, entidades de classe, além de representantes dos governos federal, estadual e municipal e do Poder Judiciário.

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