Moeda do agro, homeopatia animal e mais: tecnologias debatidas na Expointer

Moeda digital para o agronegócio, aplicativos de monitoramento para situações de emergência, homeopatia animal, tecnologias para ampliar a vida útil de alimentos e segurança no campo foram alguns dos temas discutidos no espaço de inovação da atual edição da Expointer.

Alerta de riscos

Transformar dados hidrológicos em ações preventivas para salvar vidas e bens materiais. Em meio às enchentes que afetaram o Rio Grande do Sul em maio, um grupo de profissionais de diferentes áreas desenvolveu em Uruguaiana a plataforma 'Alerta Aí', que por meio de dados georreferenciados e imagens aéreas monitora o nível dos rios em tempo real e gera alertas personalizados via whatsapp.

A Alerta.Aí oferece soluções em monitoramento hídrico avançado e alertas de riscos integrados, permitindo uma comunicação eficiente e rápida com a Defesa Civil e população, facilitando a tomada de decisões em situações de emergência. Além disso, democratiza o acesso a dados, que podem ser acessados através do domínio www.alertaai.com.br Caio Duarte, desenvolvedor web.

Moeda digital

O projeto integrou a programação do espaço de inovação da Expointer. Ele foi mapeado através de uma chamada realizada pela Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia (Sict) para destacar soluções tecnológicas para o agronegócio e divulgar iniciativas para a reconstrução do Rio Grande do Sul. Universidades públicas e privadas contribuíram para a curadoria das palestras, exposições e debates que se debruçaram sobre diferentes tópicos.

Da prevenção ao mercado financeiro, outra pauta escolhida foi a moeda digital AgroBonus, criada por uma rede de instituições e cuja cotação é vinculada ao PIB do agronegócio.

Ela pode ser utilizada como garantia de pagamentos de contratos, oferece transparência, controle e segurança financeira, rastreabilidade de produtos e contratos inteligentes que se autoexecutam de acordo com condições pré-determinadas. Seu uso como investimento também é uma possibilidade extra Jean Carbonera, CEO da Agrovantagens.

Lançada há três anos e com mais de cem mil transações e movimentação de R$ 400 milhões registradas, a criptomoeda ainda é uma novidade para grande parte dos produtores. "Além da tecnologia financeira, a Inteligência Artificial, a utilização de sensores, drones, aliada a conectividade e internet das coisas são as grandes novidades que irão revolucionar a agricultura e a pecuária nos próximos anos", projeta Carbonera.

Homeopatia animal

A homeopatia animal e seu potencial foi abordada no evento, pela médica veterinária Thamires Messana. "A homeopatia vem sendo cada vez mais pesquisada e utilizada em propriedades rurais. Já existem grandes laboratórios comerciais atuando nesse ramo mostrando resultado positivos. Mesmo sendo uma especialidade reconhecida pelo Conselho de Medicina Veterinária e introduzida no Brasil em 1840 ainda há muita desconfiança", contextualiza a pesquisadora.

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Os homeopáticos podem conter fontes do reino animal (como o veneno da abelha), mineral e vegetal para tratamentos ou prevenções de doenças como carrapatos e diarreias, individualmente ou no rebanho. "A vantagem dessa medicação, diluída e dinamizada, é não causar reações adversas, não deixando resíduos ou causando intoxicação, e provocar menor contaminação do meio ambiente em consequência. São produtos que estão ganhando visibilidade e mercado", acrescenta.

Vida útil de alimentos

A sustentabilidade também está no foco. Esta é uma das prioridades nos processos desenvolvidos pela Bioplix, startup incubada na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e apoiada pela Fundação de Amparo a Pesquisa (FAPERGS). "Desenvolvemos tecnologias para ampliar a vida útil de frutas, legumes e verduras possibilitando reduzir as perdas e prejuízos na conservação pós colheita. Além de trazer melhorias para a segurança alimentar da população", pontua o gestor Luan Paz.

Uma delas apresentada na Expointer foram as embalagens (revestimentos) comestíveis fabricadas a partir de matéria biodegradável. "Utilizamos materiais obtidos em fontes renováveis aprovados pela Anvisa e que obedecem normativas internacionais para serem usados como coberturas". A iniciativa, ainda restrita ao âmbito laboratorial, busca parcerias para a produção em maior escala.

App para todos os gostos

Uma tendência fácil de ser notada é o desenvolvimento de aplicativos para as mais diversas finalidades desde saúde, produtividade, gestão e até segurança. É o caso do aplicativo AbigeApp, criado para auxiliar o combate do abigeato, o roubo de gado.

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As marcas e sinais dos animais do campo são registrados em livros de papel nas prefeituras. A partir de uma demanda da segurança pública oferecemos a digitalização desses documentos permitindo agilidade para a polícia identificar os proprietários inseridos em nossa base de dados, evitando muitas vezes o abate de cargas roubadas apreendidas Diego Vilela, diretor do AbigeApp.

Durante a feira foi realizado um painel para capacitar as forças de segurança a usarem essa e outras novas tecnologias. Entre os pecuaristas já são 18 mil utilizando a ferramenta.

O avanço de estabelecimentos agropecuários com acesso à internet e o uso de telefones moveis em 90% das residências motivou pesquisadores. Bolsistas de Iniciação e Inovação Tecnológica do CNPQ e Fapergs trabalham para desenvolver aplicativos visando produtividade (desempenho do rebanho) e controle de doenças, provendo informações estratégias e facilitadas de manejo e incentivando a retroalimentação de dados por parte dos produtores.

Em termos de aplicações ainda temos que avançar. Se trata de uma ótima ferramenta de transferência de tecnologias e conhecimento científico numa linguagem acessível. É a ciência chegando no campo Adriana Tarouco, coordenadora de uma das frentes de pesquisa da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi).

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