Bolsa fecha em baixa e dólar cai a R$ 5,43 após corte de juro na China

A Bolsa de Valores de São Paulo teve nesta sexta-feira (27) um dia de vai e vem. Abriu no negativo e, logo em seguida ao Banco Central da China anunciar um corte de juros, virou para o positivo. Mas assim que os mercados fecharam na Europa, no meio da tarde, o sinal virou novamente para o negativo. No final, o Ibovespa acabou fechando em desvalorização de 0,14%, indo a 132.730 pontos, conforme dados preliminares.

Na semana, Ibovespa teve variação positiva de 1,34%, segundo a Economatica.

O dólar também teve um dia de sobe e desce e terminou fechado em leve baixa 0,13%, indo a R$ 5,436. O dólar turismo ia a R$ 5,65.

O que aconteceu

O Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) anunciou hoje pela manhã cortes de juros em outro conjunto de medidas para estimular a economia. O BC chinês cortou em 20 pontos-base (pb) as taxas de juros de curto prazo, reduzindo os custos de empréstimo.

Esse conjunto de medidas não vai fazer a China ter outro "boom" de construção civil, como já aconteceu antes. "Os prédios já estão construídos. Mas vai ajudar a economia local a ter um pouso suave, evitando uma crise", diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

Mas as medidas foram boas para Bolsa. Numa análise rápida, o Bank of America (BofA) resumiu que, primeiro, o Fed salvou a Bolsa brasileira, com o "rally" de alta provocado pela expectativa de corte de juros em setembro. Agora é a vez da China.

O movimento foi bom para o preço dos produtos básicos, como o minério de ferro. Com isso, o preço do minério de ferro continuou subindo, o que beneficiou as ações da Vale (VALE3), em grande parte do dia.

Vale e Cosan

O papel, com peso de 11,32% no Ibovespa, chegou a ser precificado perto de R$ 65 até o meio da tarde. Entretanto, a mineradora assou cair faltando poucos minutos para o fim do pregão e terminou com perda de 0,37%, indo a R$ 64,01, conforme dados preliminares. "Outra coisa que colaborou foi a notícia de que a Cosan (CSAN3) considera vender sua participação na Vale", diz Rodrigo Moliterno, diretor de renda variável da Veedha Investimentos. A venda envolveria uma soma de US$ 2,2 bilhões, disseram fontes da Bloomberg.

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Então, o Ibovespa virou...

Após as 15h30, o Ibovespa passou a oscilar. Depois do fechamento de mercados na Europa, firmou em queda. Nesse momento, quando passou a depender mais do investidor local, o Ibovespa não conseguiu se segurar. O mercado passou a refletir "preocupações crescentes com a inflação, reforçadas pelos números da Pnad Contínua e do IGP-M, além das persistentes dúvidas sobre a situação fiscal", segundo Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital.

A taxa de desemprego recuou para 6,6% no trimestre finalizado em agosto. É o menor nível de desocupação de toda a série histórica da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), coletada desde 2012, para o período.

E a abertura de vagas formais de emprego no Brasil acelerou para 232 mil em agosto, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Em julho, o número havia sido de 188 mil postos formais, conforme dados do Ministério do Trabalho e Emprego.

Além disso, o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) acelerou a 0,62% em setembro, após ter ficado em 0,29% em agosto. O dado da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que a inflação está em 4,53% nos últimos 12 meses. O resultado veio acima das expectativas, que eram de 0,49%.

Os três dados reforçam as apostas do mercado de uma elevação mais intensa da Selic. A ideia seria segurar a inflação, já que a população teria mais poder de compra. "E isso enfraquece ações de empresas dependentes do ciclo econômico", acrescenta Iarussi.

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Nos EUA

A inflação americana veio próxima à meta do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) em agosto. O Índice de Preços de Despesas de Consumo Pessoal, PCE em inglês, a medida de inflação oficial do Fed, subiu 0,1% no mês, colocando a taxa de inflação de 12 meses em 2,2%.

Esses números aumentam as apostas de mais cortes agressivos nas taxas de juros dos Estados Unidos. No dia 18, o Fed baixou a taxa em 0,50 ponto percentual. Agora, espera-se que ele repita a dose em novembro.

Desemprego

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