Bolsa e dólar fecham em baixa após nova decepção com a China

A Bolsa de Valores de São Paulo fechou esta quinta-feira (17) em baixa de 0,73%. O Ibovespa terminou o dia a 130.793 pontos. A decepção com mais uma medida amena, insuficiente para reanimar a economia chinesa — e outros índices americanos que colaboram para um corte menor de juros nos EUA - desanimaram os investidores por aqui.

O dólar, que passou o dia todo em alta, no finalzinho da sessão virou para queda. Fechou em baixa de 0,08%, indo a R$ 5,660. O dólar turismo foi a R$ 5,88.

O que aconteceu

As principais Bolsas asiáticas fecharam em baixa nesta quinta-feira, com nova decepção com medidas para estimular a economia chinesa. Autoridades de habitação da China ofereceram soluções limitadas para facilitar a diminuição do estoque de moradias.

O ministro da Habitação, Ni Hong, anunciou aumento do programa de crédito habitacional para 4 trilhões de yuans (US$ 562 bilhões) até o fim do ano. Assim, o volume de empréstimos vai quase dobrar.

Mas o mercado esperava trilhões de yuans para a compra de casas não vendidas. "O pacote de estímulos da China veio abaixo do esperado, gerando preocupações quanto ao impacto nas economias emergentes, como o Brasil, e levando os investidores a buscar ativos considerados mais seguros, como o dólar, pressionando a cotação", disse Anderson Silva, diretor da mesa de renda variável e sócio da GT Capital. Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank, concordou. "O mercado queria ver números muito maiores de ajuda do governo e isso não tem acontecido", afirmou.

O setor imobiliário chinês é um dos maiores consumidores do minério de ferro brasileiro. Por isso, caiu o preço do minério e também as ações da Vale (VALE3). Os ativos tiveram baixa de 2,37%, indo a R$ 60,86, conforme dados preliminares.

Nos EUA

As vendas no varejo aumentaram 0,4% em setembro, acima do total (não revisado) de 0,1% de agosto, e melhor que a previsão de 0,3%. Isso significa que os preços estão se estabilizando passo a passo e que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) poderá fazer uma corte menor de juros em novembro — ou até manter a taxa estável. Nesta quinta, o Banco Central Europeu (BCE) fez um corte suave em sua taxa, de 0,25 ponto percentual, para 3,25% ao ano.

O Departamento do Trabalho dos EUA também informou hoje que os pedidos de auxílio desemprego caíram em 19 mil. O total ficou em 241 mil solicitações na semana que se encerrou em 12 de outubro. Analistas previam 260 mil pedidos.

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O comportamento dos dois índices fortaleceu o dólar durante o dia, hoje. "Isso quer dizer que a perda de rendimento dos títulos denominados em dólar não vai cair tão rápido quanto se esperava, o nível de juros vai cair mais devagar e isso ajuda a fortalecer a moeda americana globalmente" disse Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX.

E por que o dólar caiu no final?

O dólar foi perdendo a força de alta ao longo da tarde. "A moeda foi devolvendo o ganho de forma bem lenta ao longo desta quinta: vejo isso como uma realização normal frente a alta forte dos últimos dias", disse Silva, da GT Capital. O economista-chefe da Bluemetrix Asset, Renan Silva disse o mesmo. "Não foi uma inversão de tendência, apenas um ajuste técnico", afirmou ele. Mas os planos de corte de gastos do governo, segundo André Galhardo, consultor econômico da plataforma de transferências internacionais Remessa Online, podem ajudar o real a se recuperar.

No Brasil

Aqui, a inflação continuou dando sinais de força. O Índice Geral de Preços dos 10 primeiros dias do mês (IGP-10) subiu 1,34% em outubro, após a alta de 0,18% em setembro. O resultado ficou acima das estimativas, que era de 1,31%. O índice da Fundação Getúlio Vargas acumula alta de 3,91% neste ano. A taxa acumulada em 12 meses ficou positiva em 5,10%.

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