Bolsa cai e dólar sobe para R$ 5,82 com mercado cheio de incertezas
A Bolsa de Valores de São Paulo trabalha nesta sexta-feira (01) em baixa. Por volta do meio-dia, o Ibovespa caía 0,54%, para 129.019 pontos.
O dólar sobe 0,72% para R$ 5,824. O dólar turismo é vendido a R$ 6,04.
Apesar de dados de mercado de trabalho nos EUA serem benéficos para o Brasil, os investidores estão mais preocupados com o cenário doméstico.
O que está acontecendo?
Bolsa e dólar hoje repercutem as incertezas do mercado. Na quarta-feira (6), o Banco Central do Brasil define a nova taxa Selic e a expectativa é de aumento. No mesmo dia, saem os novos juros americanos e o resultado das eleições nos Estados Unidos, que se realizam no dia 5. "No momento que a inflação está subindo e o governo vai adiando cada vez mais o anúncio sobre cortes de despesas, o mercado não vê nenhuma definição. Então a Bolsa cai e o dólar continua subindo", diz Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank.
O mercado esperava para depois da eleições municipais a divulgação de um pacote de corte de gastos. Mas o governo ainda não tem data ou detalhes sobre essas medidas.
O cenário interno está preocupando mais os investidores que o externo. É o que diz Vito Agnelo, analista educacional da CM Capital. "O dado de emprego dos EUA é um sinal positivo e favorável. Mas a preocupação interna com relação ao déficit fiscal e aos gastos públicos está preocupando mais o investidor do que o clima externo, que vem se desenhando cada vez mais favorável para o fluxo de investimento mundial voltar para às economias emergentes", diz ele.
Que dado de emprego é esse?
A criação de vagas em outubro nos EUA desacelerou para seu ritmo mais fraco desde o final de 2020, com o impacto dos furacões Helene e Milton e da greve da Boeing. As vagas medidas pelo dado de folha de pagamento não agrícolas — o chamado Payroll — aumentou apenas em 12 mil postos no mês. É uma queda acentuada em relação a setembro (geração de 254 mil postos) e abaixo da estimativa do mercado de 100 mil vagas, segundo o Bureau of Labor Statistics, nesta sexta.
Por que isso importa?
O Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) usa esse dado, além de outros indicadores, para definir os juros americanos. Na próxima quarta (6), sai a nova taxa. Se ela cai, é bom para o Brasil. Se baixa pouco ou fica estável, é ruim, pois o capital de investidores do mundo todo permanece aplicado no Tesouro americano (que paga esse juro), em vez de vir para mercados mais arriscados, como o brasileiro.
Foi uma surpresa para o mercado e agora a expectativa é de um corte maior. "O dado veio muito abaixo do esperado mesmo. Logo que o dado saiu, o dólar despencou no mundo e os índices internacionais subiram bem com a expectativa de uma queda maior nas taxas de juros dos Estados Unidos", diz Rodrigo Cohen, analista de investimentos e cofundador da Escola de Investimentos. A expectativa, até agora, era de um corte de 0,25 ponto percentual. "Mesmo considerando os impactos do furacão e da greve, que já se imaginava que seriam significativos, é ainda um número bastante baixo", diz Leonel Mattos, analista de inteligência de mercado da StoneX.
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