Bolsa tem baixa e dólar sobe com inflação e pacote chinês decepcionante
A Bolsa de Valores de São Paulo fechou em baixa e o dólar em alta nesta sexta-feira (8), em meio à frustração do mercado com o aumento da inflação e o fraco pacote de estímulos à economia da China.
A decepção com as medidas chinesas fez o preço de produtos básicos, como o ferro, cair e, consequentemente, moedas de países exportadores desses itens sentiram o baque. O Brasil é um deles. Vale (VALE3) teve queda acentuada. Mas os resultados da Petrobras (PETR3 e PETR4) fizeram a ação da estatal subirem, mesmo com o petróleo em baixa.
O que aconteceu
A Bolsa de Valores de São Paulo terminou o dia em baixa de 1,43%. O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, caiu para 127.829 pontos — menor patamar desde 7 de agosto.
O dólar comercial terminou o dia em alta de 1,09%, vendido a R$ 5,737. O turismo teve aumento de 1,30%, para R$ 5,988.
Dado de inflação afeta Bolsa
A inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) fechou outubro em 0,56%. Houve uma aceleração do ritmo de alta em relação a setembro, quando o índice registrou 0,44%. O resultado do mês ficou acima da expectativa, que era de avanço de 0,54%.
Em 12 meses, a inflação acelerou de 4,42% para 4,76%. "É uma situação que preocupa, pois a inflação corrente já roda acima do teto superior da meta do Banco Central, que é de 4,5% ao ano", diz Marcelo Bolzan, estrategista de investimentos, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital.
Dessa forma, o Banco Central deve continuar subindo os juros. Isso prejudica a Bolsa de Valores, pois as empresas ficam mais endividadas e com mais dificuldades para vender. Os investidores também acabam saindo do mercado de renda variável e indo para aplicações de renda fixa. A dívida do governo sobe com juros mais altos, agravando o risco fiscal.
China influenciou dólar e Vale
Nesta madrugada, o governo chinês lançou um pacote fiscal de cerca de US$ 1,4 trilhão para os governos locais, muitos dos quais endividados, para que refinanciassem seus débitos em até três anos.
As medidas não agradaram. A China precisa de um pacote de 23 trilhões de yuans (US$ 3,2 trilhões) para resolver a dívida local e os problemas imobiliários. Foi o que calculou Carlos Casanova, economista sênior do UBP para a Ásia, segundo a Reuters. "Esse refinanciamento de dívidas acabou impactando negativamente os ativos chineses. O preço do minério de ferro caiu, colaborando também para a queda do petróleo", acrescentou Marcio Riauba, gerente da mesa de operações da StoneX, banco de câmbio.
Como o Brasil é exportador desses produtos básicos e a China é seu maior mercado, isso fez o dólar subir nesta sexta. Em Cingapura, o minério de ferro terminou o dia com baixa de 2,16%.
Assim, a maior empresa exportadora da Bolsa para a China, a Vale, teve queda forte. O ativo VALE3 desvalorizou 5,02%, para R$ 60,37, conforme dados preliminares. O papel tem peso de 11,32% no Ibovespa.
Medidas de corte
Começou pouco antes das 15h — e ainda não havia terminado até o momento — a reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com alguns de seus ministros para discutir a contenção de gastos do governo. A informação está na agenda oficial de Lula, que foi atualizada há pouco pela assessoria de imprensa do Palácio do Planalto.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer compreender "a redação de cada medida" do plano de corte de gastos proposto pela equipe econômica. Foi o que disse o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, nesta tarde de sexta-feira à CNN Brasil. Segundo o ministro, o chefe do Executivo não é refratário ao compromisso fiscal, mas não deseja que a conta recaia para a população mais vulnerável.
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Os resultados da Petrobras vieram acima do esperado. A petroleira deixou para trás o prejuízo do segundo trimestre e lucrou R$ 32,5 bilhões entre julho, agosto e setembro. O total superou em 12% a expectativa do mercado, e foi 22% superior ao de um ano antes.
O conselho da petroleira ainda aprovou a distribuição de dividendos regulares no valor de R$ 17,12 bilhões. É o equivalente a R$ 1,32 por ação.
No momento, as ações estavam em valorização, mesmo com a queda de mais de 2,32% nos valores do petróleo (Brent). PETR3 subiu 2,03%, para R$ 39,16, enquanto PETR4 teve elevação de 1,89%, para R$ 36,18, conforme dados preliminares.
Embraer foi maior alta
Mesmo com a onda de queda na Bolsa, quem tem ação da Embraer (EMBR3) está sorrindo nesta sexta. O papel da fabricante de aviões, que já chegou a subir mais de 8% hoje, fechou em valorização de 7,15%, para R$ 53,63, conforme dados preliminares. O lucro da empresa saltou sete vezes no terceiro trimestre, chegando a R$ 1,18 bilhão, conforme balanço divulgado pela manhã. No ano, o ativo já subiu 123,54%, segundo a Economatica (até 7 de novembro).
Com agências
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