Bolsa cai e dólar sobe por causa da inflação e decepção com pacote chinês
A Bolsa de Valores de São Paulo opera em queda nesta sexta-feira (7), enquanto o dólar sobe. Os investidores repercutem o aumento da inflação no Brasil. Os investidores se frustraram nesta madrugada com o pacote de estímulos à economia divulgado pela China.
Esperava-se algo mais agressivo. Mas o governo local apenas refinanciou dívidas de administrações locais. Assim, cai o valor de produtos de exportação brasileiros, como o ferro, e o dólar sobe.
Os resultados da Petrobras (PETR3 e PETR4) também estão em foco. Além disso, o mercado completa a segunda semana de espera pelas medidas de corte de gastos do governo.
O que está acontecendo
Por volta de 13h, a Bolsa de Valores de São Paulo tinha baixa de 1,69%. O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, desvalorizava para 127.495 pontos.
O dólar comercial era negociado em alta de 1,92%, vendido a R$ 5,784. O turismo tinha aumento de 1,36%, para R$ 5,991.
Dado de inflação afeta Bolsa
A inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) fechou outubro em 0,56%. Houve uma aceleração do ritmo de alta em relação a setembro, quando o índice registrou 0,44%. O resultado do mês ficou acima da expectativa, que era de avanço de 0,54%.
Em 12 meses, a inflação acelerou de 4,42% para 4,76%. "É uma situação que preocupa, pois a inflação corrente já roda acima do teto superior da meta do Banco Central, que é de 4,5% ao ano", diz Marcelo Bolzan, estrategista de investimentos, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital.
Dessa forma, o Banco Central deve continuar subindo os juros. Isso prejudica a Bolsa de Valores, pois as empresas ficam mais endividadas e com mais dificuldades para vender. Os investidores também acabam saindo do mercado de renda variável e indo para aplicações de renda fixa. A dívida do governo também sobe com juros mais altos, agravando o risco fiscal.
China influencia dólar
Nesta madrugada, o governo chinês lançou um pacote fiscal de cerca de US$ 1,4 trilhão para os governos locais, muitos dos quais endividados, para que refinanciem seus débitos em até três anos.
As medidas não agradaram. A China precisa de um pacote de 23 trilhões de yuans (US$ 3,2 trilhões) para resolver a dívida local e os problemas imobiliários. Foi o que calculou Carlos Casanova, economista sênior do UBP para a Ásia, segundo a Reuters. "Esse refinanciamento de dívidas acabou impactando negativamente os ativos chineses. O preço do minério de ferro caiu, colaborando também para a queda do petróleo", diz Marcio Riauba, gerente da mesa de operações da StoneX, banco de câmbio.
Como o Brasil é exportador desse produtos básicos e a China é seu maior mercado, isso faz o dólar subir nesta sexta. Em Cingapura, o minério de ferro terminou o dia com baixa de 2,16%.
Assim, a maior empresa exportadora da Bolsa para a China, a Vale (VALE3), tinha queda. No momento, VALE3 desvalorizava 4,34%, para R$ 60,80.
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A reunião que começou na manhã de quinta-feira (7) e terminou só no fim da tarde não teve qualquer anúncio. Outra entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros começa hoje por volta de 14h. A participação dos ministros da Educação, Saúde e Trabalho foi lida como sinal de que o pacote pode vir com força.
O que pode animar o mercado?
Os resultados da Petrobras vieram acima do esperado. A petroleira deixou para trás o prejuízo do segundo trimestre e lucrou R$ 32,5 bilhões entre julho, agosto e setembro. O total superou em 12% a expectativa do mercado, e foi 22% superior ao de um ano antes.
O conselho da Petrobras ainda aprovou a distribuição de dividendos regulares no valor de R$ 17,12 bilhões. É o equivalente a R$ 1,32 por ação.
No momento, as ações estavam em valorização. PETR3 subia 0,94%, para R$ 38,74, enquanto PETR4 tinha elevação de 0,84%, para R$ 35,81.
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