Fim do 6x1 favorece setor de eventos, mas prejudica varejo, dizem entidades

O fim da escala 6x1, em discussão no Congresso, poderia ter um impacto positivo para o setor de eventos, mas geraria aumento de custos no varejo e pode levar a demissões, dizem entidades representativas desses setores.

Impacto no setor de eventos

Pessoas com mais tempo livre ficam mais propensas a consumir lazer, diz associação. A medida poderia ter impacto positivo para o setor de eventos e, com potencial para beneficiar também outros segmentos correlatos, como hospedagem e alimentação fora do lar. "Ao liberar tempo para as pessoas, as torna mais propensas a consumir lazer, como ir a eventos, shows, cinema, peças de teatro", diz Doreni Caramori Júnior, presidente da Abrape (Associação Brasileira dos Promotores de Eventos).

Setor pondera que mudança precisa ser debatida com os demais segmentos para garantir a sustentabilidade econômica. "Há um efeito positivo que precisa ser reconhecido. Por outro lado, é importante que essa mudança seja debatida com os demais setores da economia. A sustentabilidade do nosso setor depende, entre outras coisas, da capacidade das pessoas de pagarem por esses serviços de lazer", diz Caramori.

Impacto no varejo

Mudança elevaria preços dos produtos e levaria a fechamento de estabelecimentos, diz varejo. "O impacto econômico de uma mudança resultará em aumento de custos, que refletirá nos preços dos produtos, dificuldades em viabilizar a operação e, em alguns casos, até em fechamento permanente de estabelecimentos ou em alguns dias da semana", disse o IDV (Instituto para o Desenvolvimento do Varejo) em nota.

Varejo exige operação contínua e tem alta demanda aos finais de semana. O IDV argumenta que o varejo necessita de uma equipe para atender o cliente todos os dias, "principalmente nos finais de semana, período de alta demanda de consumo". "Qualquer mudança na legislação deve ser debatida e levar em conta seus impactos econômicos e sociais e, ao mesmo tempo, promover o desenvolvimento econômico", diz.

Risco de demissões

Medida pode provocar onda de demissões, diz entidade. Uma redução da jornada geraria um impacto econômico que pode levar a demissões, redução de salário de novas contratações e fechamento de estabelecimentos em dias específicos, diz a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).

Ao invés de gerar novos postos de trabalho, a medida pode provocar uma onda de demissões, especialmente em setores de mão de obra intensiva, prejudicando justamente aqueles que a medida propõe beneficiar.
CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo)

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Discussão deveria considerar outros fatores, diz associação de supermercados. Para João Galassi, presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), o debate deveria tratar também da desoneração da folha de pagamentos e de modelos mais flexíveis de trabalho. Segundo ele, a mudança para uma escala de 4x3 aumentaria os custos do setor em 25%.

Precisamos rediscutir o modelo de trabalho por hora, com remuneração semanal, que permite dar mais flexibilidade. O sucesso do Uber e dos aplicativos de delivery está ligado à flexibilidade. Não dá para restringir só em uma discussão por horas.
João Galassi, presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados)

Indústria defende negociação

Indústria defende que tema seja debatido em negociação coletiva. A CNI (Confederação Nacional da Indústria) defendeu em nota que a redução da carga horária de trabalho "é tema a ser tratado por empresas e trabalhadores em processos de negociação coletiva".

Uma eventual imposição por lei de limite inferior a 44 horas para o trabalho semanal não só enfraquece o processo de diálogo entre empregadores e empregados, como desconsidera as variadas realidades em que operam os setores da economia, os segmentos dentro da indústria, o tamanho das empresas e as disparidades regionais existentes no país.
CNI (Confederação Nacional da Indústria)

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