Dólar sobe com temor de desidratação dos cortes de gastos; Bolsa cai

O dólar é negociado em alta nesta quarta-feira (18) mesmo depois de o BC (Banco Central) já ter vendido US$ 12,7 bilhões desde a última quinta-feira (12). Foi a maior injeção de recursos no câmbio desde a pandemia, em março de 2021.

A Bolsa de Valores tem queda, na espera pela decisão pelo corte de juros nos Estados Unidos.

O que está acontecendo

Por volta de meio-dia, o dólar comercial tinha alta de 0,85%, vendido a R$ 6,148. Ao longo da manhã, a moeda chegou a ser cotada a R$ 6,14. O turismo tinha valorização de 0,68%, para R$ 6,375.

A Bolsa de Valores de São Paulo operava em baixa de 1,50%. O Ibovespa, principal índice acionário brasileiro, subiu para 122.828 pontos.

A preocupação de que o pacote de corte de gastos — considerado fraco pelos investidores — possa ser ainda mais desidratado no Congresso faz o real se desvalorizar. O BC já colocou no mercado US$ 7 bilhões em três leilões de linha, que representam a venda de moeda com compromisso de recompra, e outros US$ 5,76 bilhões por meio de quatro leilões à vista.

O BC tem mapeado diariamente com os operadores de câmbio a previsão de saída de dólares do país. Os leilões pontuais têm servido para garantir a liquidez, oferecendo moeda conforme a demanda, diante de um fluxo de saída significativo. As remessas de dividendos ao exterior ainda nesta semana por multinacionais, antes das festas de fim de ano, também agravam a situação.

Na noite desta terça-feira (17), a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base do primeiro projeto do pacote de cortes. O projeto de lei complementar relatado pelo deputado Átila Lira (PP-PI) cria "reforços" ao arcabouço fiscal, prevendo disparo de novos gatilhos para congelamento de gastos em caso de piora das contas públicas, além de permitir que o governo possa bloquear até 15% das emendas parlamentares.

Foram 318 votos a favor (eram necessários 257) e 149 votos contrários. Os deputados rejeitaram três destaques (sugestões de mudanças ao texto principal) e deixaram outros três para serem analisados nesta quarta-feira (18). Concluída a votação, o texto seguirá para a análise do Senado Federal.

Uma das medidas proposta pela equipe econômica, contudo, caiu: a que limitava a restituição de créditos tributários pelas empresas. A proposta enfrentava forte resistência entre vários setores da economia, além de ter integrado uma MP (Medida Provisória) editada pelo governo em junho e que foi devolvida pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

Continua após a publicidade

A expectativa é de que o projeto seja votado no Senado até a próxima sexta-feira, 20, antes do recesso parlamentar. O Congresso ainda tentará aprovar outro projeto de lei encaminhado pela Fazenda, além de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição).

A Fazenda estima que os três projetos juntos vão gerar uma economia de R$ 71,9 bilhões em dois anos, mas especialistas em contas públicas contestam esse cálculo e preveem uma economia menor, entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões. As contas ainda terão de ser refeitas após as modificações feitas no Congresso.

Nos EUA

Por volta das 16h desta quarta nos Estados Unidos, o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) divulga sua nova taxa de juros. A expectativa é de queda de 0,25 pontos-base, o que faria o intervalo ir a 4,25% e 4,50% ao ano. Isso poderia ajudar a fazer o fluxo de investimentos a voltar ao Brasil, com as chamadas operações de "carry trade". Nelas, os investidores emprestam dinheiro em mercados onde a taxa é baixa e aplicariam aqui, na Selic elevada semana passado pelo BC a 12,25% ao ano. No entanto, o temor com a situação fiscal pode continuar prevalecendo.

Continua após a publicidade

Com Agência Estado

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.