Brasil entra para fórum de produtores de petróleo; o que é a Opep?
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O governo brasileiro confirmou a adesão ao Fórum de Diálogo da Opep+, grupo de países ligados à Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Segundo o Ministério de Minas e Energia, não haverá adesão do país à Opep propriamente dita.
O que é a Opep e o fórum Opep+
Organização controla 40% da produção mundial de petróleo e reúne grandes produtores ao redor do mundo. A entidade foi criada em 1960, no Iraque, para estabelecer uma política comum em relação à produção e à venda de petróleo. Segundo o site oficial da Opep, fazem parte da organização: Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita, Venezuela, Líbia, Emirados Árabes Unidos, Argélia, Nigéria, Gabão, Guiné Equatorial e Congo.
Segundo a Opep, qualquer país com uma "exportação líquida substancial" de petróleo bruto pode ingressar na organização. O estatuto da Opep ressalta, no entanto, que a nação que deseja se tornar membro pleno deve apresentar "interesses fundamentalmente semelhantes aos dos países-membros."
Brasil fará parte da chamada Opep+, grupo de países sem direito a voto e associado à organização. A adesão não significa ingresso como membro efetivo da entidade, mas como nação que pode atuar de forma conjunta com os demais integrantes em discussões ligadas ao comércio internacional do produto, nas estratégias de mercado e/ou na solução de controvérsias na área.
Para parte das autoridades brasileiras, participar do fórum é uma decisão estratégica. Segundo o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o ingresso leva o Brasil a um espaço para discussão entre produtores. "Não devemos nos envergonhar de sermos produtores de petróleo", declarou.
Em 2023, o presidente Lula alegou que a possível adesão tinha como objetivo "convencer" os países-membros a se dedicarem à transição energética. "[Os países da Opep] precisam se preparar para o fim dos combustíveis fósseis, e se preparar significa aproveitar o dinheiro que eles lucram com o petróleo e fazer investimentos para que a África e a América Latina possam produzir os combustíveis renováveis que eles precisam, sobretudo o hidrogênio verde", disse à época.
Decisões da Opep+ afetam os preços globais do barril. O grupo realiza reuniões periódicas para avaliar a oferta e a demanda no mercado e pode adotar cortes voluntários na produção para influenciar os valores da commodity.
O que aconteceu
Aprovação da participação do Brasil no fórum aconteceu na última terça-feira (18), em reunião com a presença de Lula e de ministros. Além da Opep+, o governo confirmou a entrada do Brasil na Agência Internacional de Energia e na Agência Internacional de Energia Renovável.
A entrada do Brasil no fórum foi criticada por entidades que atuam nas causas climáticas. André Guimarães, diretor-executivo do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), afirma que a decisão contraria a COP30. "O Brasil insiste em caminhos opostos em um momento no qual deveria liderar pelo exemplo, manchando sua reputação na COP30. Investir em petróleo é atrasar o desenvolvimento nacional inteligente", declarou.
Em novembro, o Brasil sediará a COP30, conferência da ONU sobre mudanças climáticas. O evento será realizado em Belém e reunirá líderes globais para discutir políticas ambientais e o combate ao aquecimento global.
Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, também expressou opinião contrária à adesão. "Não vejo nenhuma lógica do Brasil entrar na Opep+. E cartel não é uma coisa boa, mas ruim do ponto de vista da economia, do ponto de vista da concorrência, do ponto de vista do consumidor", declarou à agência de notícias RFI.
[Investir em petróleo] é jogar tempo e dinheiro naquilo que vai nos matar. É uma surpresa negativa para todos os que confiam no Estado brasileiro para conduzir uma transição justa e para longe da exploração fóssil —necessárias se quisermos sobreviver nesta Terra. André Guimarães, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura
*Com informações da RFI
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