Rentabilidade de imóvel cresce em 2024, mas valor médio cai 28% desde 2020


Colaboração para o UOL, em Campinas (SP)
25/03/2025 09h30
A rentabilidade dos imóveis residenciais no Brasil alcançou um patamar recorde em 2024, chegando a 19,1% ao ano. O valor elevado foi uma combinação entre a valorização do imóvel e o rendimento com aluguéis. As informações estão em um estudo realizado em parceria entre o Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da FGV (Fundação Getúlio Vargas), e o QuintoAndar.
O que aconteceu
O retorno com aluguel chegou a 6,2%, enquanto a valorização dos imóveis foi de 12,9%. Conforme o estudo, o crescimento reflete o aquecimento do mercado imobiliário após a pandemia de covid-19, destacando os imóveis como uma opção atrativa de investimento. Um exemplo: um apartamento de 50 m² adquirido por R$ 365 mil teria gerado quase R$ 70 mil em 2024, considerando o aluguel e a valorização.
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Entre as capitais, São Paulo teve uma rentabilidade de 17,2%, Rio de Janeiro 12,9% e Belo Horizonte aparece com a maior valorização, de 26,6%. Algumas regiões da capital mineira, como o Centro, apresentaram rentabilidades ainda mais altas, com 36,5% ao ano.
Apesar da alta rentabilidade, o estudo indica que o valor médio dos imóveis caiu em termos reais nos últimos anos. Em 2024, o preço médio do metro quadrado foi de R$ 8,9 mil, bem abaixo dos R$ 12,3 mil observados em 2020 (ajustado pela inflação), uma queda real de cerca de 28%. "Esse movimento reflete mudanças na dinâmica do mercado imobiliário, que incluem fatores como o cenário econômico pós-pandemia, ajustes de demanda e o impacto de juros elevados", afirma Thiago Reis, gerente de dados do QuintoAndar
Outro indexador para os contratos de aluguel começa a ser usado. Segundo o estudo, o IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado), tradicionalmente utilizado, apresentou grande volatilidade nos últimos anos, levando muitos contratos a adotarem outros índices, como o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) e o IVAR (Índice de Variação de Aluguéis Residenciais), que refletem melhor a dinâmica do mercado de locação.
Mercado imobiliário tem desafios, como a elevação da taxa de juros. A Selic a 14,25% ao ano, definida pelo Banco Central na semana passada, faz com que os interessados passem a procurar mais alugueis do que compras propriamente ditas, segundo o gerente de dados. "Ciclos da política monetária oscilam muito e momentos de valorização mais moderada podem representar oportunidades estratégicas para investidores que buscam ganhos no médio e longo prazo", complementa.
Embora o mercado ainda não atinja o potencial total de transações, demonstra "resiliência". De acordo com os pesquisadores responsáveis pelo estudo, para tornar o setor mais eficiente e inclusivo, é necessário investir em políticas públicas que facilitem o acesso à habitação e ao crédito imobiliário, especialmente nas grandes cidades.