Empréstimo e financiamento mais caros: Copom eleva juros a 14,25% ao ano
O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidiu hoje aumentar a Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, em 1 ponto percentual, para 14,25% ao ano.
A decisão já era esperada pelo mercado financeiro uma vez que, em dezembro, o comitê avisou que poderia realizar mais duas elevações de 1 ponto nas reuniões de janeiro e março, para tentar domar a inflação.
O aumento da taxa de juros encarece principalmente o crédito e serviços financeiros. Empréstimos e financiamentos ficam mais caros. A alta dos juros eleva o custo de empréstimos pessoais, financiamentos imobiliários e de veículos, além de linhas de crédito para empresas.
A elevação foi decidida em unanimidade pelos nove membros do comitê que ainda sinalizou novo aumento para a próxima reunião.
O que aconteceu
Após dois dias de reunião, o Copom divulgou decisão sobre a Selic. A taxa foi elevada pela quinta vez consecutiva, atingindo o maior nível desde agosto de 2016. A Selic estava em 14,25% até agosto daquele ano, quando começou a ser reduzida, e agora retorna a esse patamar.
O Banco Central já havia sinalizado que a taxa subiria. Na ata da reunião de dezembro, a última sob a presidência de Roberto Campos Neto, foi indicado que a Selic aumentaria 1 ponto percentual em janeiro e março. Com Gabriel Galípolo no comando, a alta de janeiro ocorreu como previsto, reforçando a expectativa de um novo ajuste em março.
Mercado previa alta de 1 ponto percentual. A pesquisa Focus, realizada pelo BC, apontava essa expectativa na maioria dos analistas. Ao mesmo tempo, as projeções para a inflação de 2025 foram revisadas para baixo. A estimativa dos agentes do mercado há uma semana era de 5,68%, no último boletim ficou em 5,66%.
Cenário externo exige cautela. No comunicado divulgado pela institutuição, o comitê afirma que o ambiente externo continua desafiador devido à conjuntura e à política econômica dos Estados Unidos, especialmente pela incerteza em relação à política comercial e seus impactos. Esse contexto tem ampliado as dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed e o crescimento dos demais países.
Economia aquecida e inflação de serviços são citadas. Entre os fatores de risco para o cenário inflacionário, de acordo com o Copom, destacam-se a possibilidade de uma desancoragem prolongada das expectativas e uma maior resiliência da inflação de serviços, impulsionada por um hiato do produto mais positivo.
Inflação deve superar o teto da meta. A projeção do IPCA está acima do limite definido pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), cuja margem de tolerância varia entre 1,5% e 4,5%. O BC deverá justificar o descumprimento da meta caso o índice continue fora do intervalo por seis meses consecutivos.
A projeção para o IPCA de março é de 0,56%. Se esse número se confirmar, a inflação terá desacelerado em relação a fevereiro, quando o aumento dos preços foi impulsionado pela alta na conta de luz. Já em janeiro, o chamado "bônus Itaipu" ajudou a reduzir a tarifa de energia, graças à distribuição de um saldo positivo da hidrelétrica.

Todos os nove membros do Copom concordaram com a decisão tomada. Além de Gabriel Galípolo, votaram os diretores: Nilton David (política monetária), Ailton de Aquino Santos (fiscalização), Izabela Correa (relacionamento institucional, cidadania e supervisão de conduta), Diogo Abry Guillen (política econômica), Gilneu Vivan (regulação); Paulo Picchetti (assuntos internacionais e gestão de riscos corporativos), Renato Dias de Brito Gomes (organização do sistema financeiro) e Rodrigo Alves Teixeira (administração).
O que é a taxa Selic
A taxa Selic é definida pelo Copom. A taxa básica de juros é o principal instrumento que o BC tem para tentar controlar a inflação.
Os juros influenciam o consumo e crédito. A variação da Selic impacta diretamente o consumo das famílias e a tomada de crédito, afetando o comportamento econômico no país.
Aumento da Selic reduz consumo. Quando a inflação está alta, o Banco Central eleva os juros para conter o consumo e pressionar os preços para baixo. Em cenários de inflação baixa, o BC diminui a taxa básica para incentivar o consumo e a atividade econômica.
Selic afeta todas as taxas de juros. As taxas cobradas em empréstimos e financiamentos e as pagas por aplicações financeiras estão atreladas à variação da taxa básica.
Rendimento de renda fixa cresce com alta da Selic. Investimentos atrelados à taxa básica, como o Tesouro Selic, passam a oferecer maior retorno, enquanto a poupança segue perdendo competitividade.
174 comentários
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Vlademir Fabio
Ué o problema não era o Campos Neto?
Ricardo de a Fernandes
Que maravilha. O mercado e a população reprovam fortemente o desgoverno do Lula e a taxa Selic retornando à época da Dilma. Que beleza kkkkkkkkkk parabéns aos petistas da UOL
Rafael Oliveira
Paizão, chegou o momento de um recuo estratégico. Manda esse Galipolo imperialista embora, diga que ele ficou disfarçado e que nos enganou a mando do Campos Neto, assim ganhamos tempo para explicar a taxa de juros. Coloque o companheiro Mercadante na função e determine que os juros caíam pela metade. Quando a inflação subir ainda mais, podemos colocar a culpa no Trump ou no Zelensky ou no FHC ou nas galinhas. Sem mais, os intelectuais.