Haddad sobre novo IR: 'Nem extrema direita terá argumento para não aprovar'

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse hoje que confia na aprovação no Congresso da proposta para isentar o imposto de renda das pessoas que ganham até R$ 5 mil mensais.

O que aconteceu

Ministro disse que "nem extrema-direita terá argumento para não aprovar medida". "Não consigo enxergar alguém da extrema-direita subir na tribuna e justificar a cobrança do imposto de quem ganha até R$ 5 mil", falou, em entrevista ao programa Bom Dia Ministro, da EBC (Empresa Brasileira de Comunicação).

Haddad disse que a cobrança do imposto dessas pessoas e a isenção para os super-ricos é "uma das coisas mais injustas que poderia imaginar". Afirmou também que até pessoas do outro lado do espectro político apoiam a mudança. "Fico me perguntando por que não se fez antes. Até o [ex-presidente Jair] Bolsonaro prometeu isentar o trabalhador que ganha até R$ 5 mil e depois que ganhou a eleição, desconversou e não fez nada."

Nessa proposta não se aumenta o imposto de ninguém. Você simplesmente troca de mão, você cobra de quem não paga e isenta quem hoje está pagando além da conta.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda

Governo encaminhou projeto nesta semana para isentar do IRPF (Imposto de Renda Pessoa Física) quem ganha até R$ 5 mil por mês. A medida ainda precisa ser analisada pelos parlamentares. Caso seja aprovada, a mudança só valeria para as declarações de 2026, porque o imposto é sempre calculado sobre o ano anterior, chamado de ano-base.

Benefício pode alcançar quase 10 milhões de brasileiros. O Unafisco (Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil) sinaliza que o número de contribuintes isentos subirá para 58,2%, de 16,5 milhões para 26 milhões.

Para compensar isenção, mais ricos terão que pagar mais. Cerca de 141 mil contribuintes que recebem mais de R$ 600 mil por ano passarão a pagar até 10% sobre a renda total.

Pesquisa Quaest

Pesquisa não é representativa. Questionado sobre o resultado da pesquisa Genial/Quaest divulgada ontem, em que a aprovação do ministro foi de 41% em dezembro do ano passado para 10% agora, Haddad minimizou. Para ele, Ouvir "106 pessoas não é uma pesquisa representativa." Ao todo foram ouvidos 106 economistas e analistas de fundos de investimentos em São Paulo e Rio de Janeiro.

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"Não dá para dar um cavalo de pau no Banco Central"

Aumento de 1 ponto na taxa Selic era esperado. A decisão seguiu o que estava previsto pelo Banco Central em dezembro, ainda na gestão de Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

Você não pode, na presidência do Banco Central, dar um cavalo de pau depois que se assumiu. O novo presidente, com os novos diretores, eles têm aí uma herança a administrar, mais ou menos como eu tive uma herança a administrar em relação ao Paulo Guedes ex-ministro da Economia.

Sem necessidade de recessão para o controle da inflação. Para ele, controlar o aumento de preços é tarefa do governo e do BC, que vão agir para chegar ao alvo. "Eu não acredito que você precisa de uma recessão para baixar a inflação no Brasil, não acredito nisso", disse. "Eu acho que você consegue administrar a economia de maneira a crescer de forma sustentável, sem que a inflação saia do controle."

Experiência inédita de transição no Banco Central. Segundo ele, a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou por uma "experiência inédita" com uma transição de dois anos no BC, devido à autonomia operacional da autarquia. "É uma experiência inédita que aconteceu, e eu acredito que nós procuramos fazer da melhor maneira possível, com todas as divergências que surgiram e tudo mais, nós procuramos fazer da maneira mais civilizada possível, e concluímos esse processo de maneira êxito", disse.

Dois anos para a mudança de presidente do BC. A lei de autonomia da autoridade monetária estabeleceu mandatos para presidente e diretores, sendo que o do chefe da autarquia só termina dois anos após iniciado o mandato do presidente da República. Por isso, Roberto Campos Neto, indicado ao cargo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, comandou o BC até dezembro do ano passado.

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BC ainda tem dois diretores que foram indicados por Bolsonaro. "Agora, nós temos uma diretoria que ainda conta com dois diretores do governo passado. Então é uma transição que, na verdade, não é nem de dois anos, é maior", acrescentou, referindo-se aos diretores do BC de Política Econômica, Diogo Guillen, e de Organização do Sistema Financeiro e Resolução, Renato Gomes, indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e cujos mandatos vão até dezembro deste ano.

Com informações da Agência Estado

109 comentários

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Carlos Alberto Papa

O governo federal deveria ter a obrigação de reajustar a tabela do Imposto de Renda todo ano devido a INFLACAO e não fazer esse banze todo para aprovar mais impostos.

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Galindo Hernandez

A extrema direita vai rejeitar... Eles são eleitos pelos pobres, mas trabalham no Congresso pelos interesses dos ricos. Vão fazer o de sempre, sabotar a proposta defendendo que os ricos não devem pagar mais imposto...

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Eduardo Aparecido Dini

Haddad e Lula sempre terceirizando os erros desse governo.

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