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Grécia recorre a últimas reservas de dinheiro para se manter solvente

Lefteris Papadimas e Deepa Babington

17/04/2015 15h17

(Reuters) - A Grécia está recorrendo às últimas reservas de dinheiro de seu setor público --um total de 2 bilhões de euros-- para pagar salários e aposentadorias do funcionalismo no final do mês, de acordo com autoridades do Ministério da Fazenda.

Sem um acordo de última hora com seus credores, isso deixaria o país sem fundos para ressarcir 1 bilhão de euros devidos ao Fundo Monetário Internacional (FMI) na primeira quinzena de maio.

A luta de Atenas para levantar fundos essenciais mostra quão graves se tornaram as limitações financeiras do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, que tenta convencer credores estrangeiros incrédulos a conceder um novo auxílio financeiro à nação que comanda.

O Ministério das Finanças grego negou que vai precisar recorrer às reservas remanescentes de seus recursos para pagar salários, mas não forneceu nenhum dado.

"Notícias de agências de notícias sobre o estado das reservas de dinheiro são sem fundamento, nós as negamos categoricamente", disse o ministério em um comunicado.

Representantes da Grécia e credores irão se reunir em Bruxelas no sábado para uma nova rodada de negociações antes de um encontro crucial de ministros das Finanças da zona do euro em Riga, capital da Letônia, no dia 24 de abril.

"Este é o resto de dinheiro que o Estado grego tem", afirmou uma autoridade de alto escalão do Ministério da Fazenda, que pediu anonimato, à Reuters.

Autoridades da zona do euro expressaram ceticismo em alertas anteriores de Atenas sobre o esvaziamento de seus cofres, embora mesmo eles tenham admitido que o limite se aproxima.

Há meses o governo vem emprestando de diferentes setores estatais, entre eles o metrô da capital, para honrar pagamentos e pensões dos servidores públicos. Agora, porém, está chegando ao fim da linha.

Autoridades da Fazenda afirmam que o balanço do Estado ficará negativo a partir do dia 20 de abril se o governo não extrair os 2 bilhões de euros em depósitos em dinheiro remanescentes em vários órgãos públicos, incluindo alguns fundos de pensão e administrações regionais.

Sem esse dinheiro, faltaria ao Estado grego 1,6 bilhão de euros para pagar salários e outros compromissos no fim do mês.

As fontes de receita convencionais, que começam a entrar no caixa no começo do mês, obviamente devem ajudar a situação financeira do Estado. O recolhimento de impostos começou a diminuir no início do ano, quando Tsipras foi eleito, mas se estabilizou desde então na casa dos 4 bilhões de euros por mês.

Mesmo assim, a pressão financeira não irá ceder porque no mês que vem Atenas estará diante de uma nova rodada de pagamentos ao FMI. O país precisa entregar à entidade 950 milhões de euros até 12 de maio --depois as contas domésticas voltam a bater na porta.

Esperança

Tsipras tem esperança de convencer os credores da Grécia a liberar os fundos de que Atenas necessita para evitar o calote e uma possível expulsão da moeda única europeia. Para isso, ele tem que apresentar planos detalhados de reformas econômicas, inclusive no mercado de trabalho e na previdência. Até o momento, os credores internacionais consideraram as propostas atenienses inadequadas.

"Nosso objetivo é conseguir cumprir nossas obrigações", declarou o vice-ministro das Finanças, Dimitris Mardas, quando indagado na quinta-feira se Atenas conseguirá pagar os salários em abril e o FMI em maio.

Atenas já recorreu a vários expedientes para se manter à tona.

No mês passado o Estado transferiu 555 milhões de euros de comissões pagas por bancos gregos para o Fundo de Estabilidade Financeira Helênico, o mecanismo estatal de resgate bancário e uma anistia fiscal adotada em março, que suspendeu multas a pessoas com impostos atrasados se elas os saldassem rapidamente, gerou 147 milhões de euros em oito dias, mais um reforço de caixa.