Petrobras volta a ter prejuízo no 3º tri por impacto do câmbio na dívida
Por Roberto Samora e Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A Petrobras voltou a registrar prejuízo no terceiro trimestre, depois de dois períodos de lucro, com o resultado sendo fortemente impactado pelo efeito do câmbio na dívida.
A estatal registrou prejuízo líquido de 3,8 bilhões de reais no período de julho a setembro, ante prejuízo de 5,3 bilhões de reais no mesmo período de 2014, quando reconheceu perdas de 6,2 bilhões de reais por pagamentos indevidos descobertos pela Operação Lava Jato. Nos dois primeiros trimestres deste ano, a estatal teve lucro de 5,3 bilhões e 531 milhões de reais, respectivamente.
O endividamento líquido atingiu 402,3 bilhões de reais, alta de 43 por cento em relação ao estoque em 31 de dezembro de 2014, principalmente em decorrência da depreciação cambial de 49,6 por cento no período. Cerca de 84 por cento da dívida da Petrobras é em moeda estrangeira.
Com o forte impacto do câmbio na dívida, o resultado financeiro líquido da companhia ficou negativo em 11,4 bilhões de reais no terceiro trimestre, quase 12 vezes maior que o saldo negativo no mesmo período do ano passado.
QUEDA NAS VENDAS
Mas menores vendas no mercado interno e a queda do preço do petróleo no mercado internacional também impactaram o resultado da estatal.
A receita com vendas da Petrobras caiu 7 por cento na comparação anual para 82,2 bilhões de reais no terceiro trimestre, com recuo nas vendas de diesel, de gasolina, entre outros derivados, em momento em que a recessão econômica do país afeta o consumo de combustíveis.
As vendas de todos os combustíveis no mercado interno, incluindo etanol, somaram 2,8 milhões de barris/dia, ante 3,1 milhões b/d no mesmo período do ano passado.
O coração da Petrobras, a divisão de Exploração & Produção, teve lucro líquido de 2,3 bilhão de reais, queda de cerca de 70 por cento na comparação com o resultado obtido no mesmo período do ano passado, com os menores preços do petróleo impactando o resultado.
Em relação ao segundo trimestre, o lucro da divisão de E&P recuou 59 por cento, com menores preços de venda de petróleo, bem como dos maiores gastos com serviços e afretamento de plataformas, reflexo do câmbio, disse a estatal.
Já a divisão de Abastecimento registrou lucro de 3,7 bilhões de reais, ante prejuízo de 8,9 bilhões de reais no terceiro trimestre de 2014, quando a empresa sofria com a venda de derivados no mercado interno a preços mais baixos que no exterior. Em relação ao desempenho no segundo trimestre deste ano, o lucro da divisão caiu 34 por cento devido ao reconhecimento de despesa tributária referente ao imposto incidente sobre remessas à subsidiária no exterior.
O lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação eamortização (Ebitda, na sigla em inglês) somou 15,5 bilhões dereais de julho a setembro de 2015, ante 8,5 bilhões de reais registrados no terceiro trimestre do ano passado.
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