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Correios avalia venda de ativos não essenciais para ajudar fechar contas no azul em 2017, diz presidente

Guilherme Campos Júnior, presidente dos Correios - Agência Brasil
Guilherme Campos Júnior, presidente dos Correios Imagem: Agência Brasil

Aluísio Alves

06/01/2017 09h54

SÃO PAULO, 6 Jan (Reuters) - A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) planeja se desfazer de ativos não essenciais para evitar fechar de novo com as contas no vermelho em 2017, após ter tido prejuízo de cerca de R$ 2 bilhões no ano passado, disse o presidente da companhia, Guilherme Campos.

"Já há algumas medidas, como o PDI (Programa de Demissão Incentivada, o reajuste de algumas tarifas de serviços", disse Campos em entrevista à agência de notícias Reuters. "Mas virão outras."

Entre os ativos que estão sendo avaliados para venda estão diversos imóveis, incluindo o chamado terreno da universidade, em Brasília, e os edifícios-sede da companhia em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Essas medidas devem vir após o PDI, que deve ser oferecido a cerca de 14 mil dos 117,5 mil empregados da companhia. O programa deve ser aberto em até duas semanas. Com a adesão de cerca de 8.000 funcionários, os Correios devem economizar de R$ 700 milhões a R$ 1 bilhão por ano, disse.

Após ter tido um prejuízo de R$ 2,1 bilhões em 2015, a companhia anunciou em março passado um plano para economizar pelo menos R$ 1,6 bilhão em 2016.

Para Campos, que assumiu em junho, agora mesmo as demissões incentivadas e a elevação de tarifas para envio de cartas e telegramas, que respondem por mais de metade do faturamento da empresa, não serão o bastante para reverter o quadro neste ano.

"São medidas necessárias, mas não suficientes", adicionou.

Além das vendas de ativos, a estatal também avalia medidas para ampliar suas receitas, como a expansão de sua rede de franquias e a oferta de mais serviços.

No ano passado, os Correios tiveram um faturamento de cerca de R$ 20 bilhões, disse o executivo, o que representa uma alta superior a 17% em relação a 2015.

Uma das iniciativas para reforçar as receitas, disse Campos, deve ser o envio de medicamentos pelo sistema público de saúde. O serviço, no entanto, ainda depende de um acerto final com o Ministério da Saúde.

Em outra frente, os Correios avaliam uma parceria com uma companhia aérea, especialmente para o serviço de entregas de encomendas expressas.

"Estamos procurando alternativas para o transporte aéreo, que está muito ruim", disse Campos.

No fim de 2016, a empresa virou alvo de críticas após ter chegado a anunciar que pretendia acabar com o e-Sedex, um serviço de encomendas expressas com preços menores, e que vinha enfrentando vários problemas operacionais.

Questionado, Campos negou que os Correios estejam planejando atualmente desativar qualquer serviço.

As declarações foram feitas depois que os Correios tentaram sem sucesso parceria de longo prazo para exploração de serviços do Banco Postal, que distribui serviços financeiros e tem sido uma fonte de receita adicional para a companhia nos últimos anos.

Os Correios esperavam licitar o serviço por mais uma década e receber R$ 1,2 bilhão. Em vez disso, a empresa fechou um contrato temporário com o Banco do Brasil, que explorou o serviço nos últimos cinco anos. O acordo prevê que o BB poderá ficar no serviço por mais 36 meses, pagando R$ 5 milhões por mês mais um adicional por desempenho. 

Em 2011, o BB havia vencido o leilão para um contrato de 5 anos com os Correios, com oferta de R$ 2,3 bilhões.

(Edição Alberto Alerigi Jr.)