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Indústria de cimento segue em queda, vê recuperação para além de 2018

11/05/2017 14h32

SÃO PAULO (Reuters) - A indústria de cimento do Brasil, quinta maior produtora mundial do insumo, teve queda nas vendas em abril e cobrou mais rapidez e vigor do governo para conter a expansão da capacidade ociosa, que deve chegar a pelo menos 50 por cento no fim deste ano.

As vendas de cimento no mês passado caíram 16 por cento sobre abril de 2016 e 14,4 por cento sobre março, para 4,02 milhões de toneladas, acumulando no primeiro quadrimestre queda de 10,1 por cento na comparação anual, informou nesta quarta-feira a associação que representa os produtores do insumo, Snic.

"Esse otimismo que o mercado está narrando sobre alguns setores da economia ainda não chegou para a indústria do cimento", disse Paulo Camillo Penna, presidente do Snic.

"Verificamos a necessidade de se ter ações com maior intensidade e velocidade, como investimentos públicos de maior monta (...) O mercado financeiro tem um volume significativo de imóveis retomados na área habitacional e a indústria só vai voltar a construir quando houver um estoque muito menor que hoje", acrescentou Penna.

O presidente do Snic citou como fatores recentes positivos para o setor a ampliação do público-alvo do programa Minha Casa Minha Vida, aprovação de crédito para reformas em moradias, queda da taxa de juros da economia e da inflação. "Mas são insuficientes para determinar um acréscimo de demanda que reverta o quadro negativo até o ano que vem."

Segundo ele, a indústria de cimento do Brasil acumula uma capacidade produtiva ociosa de 45 por cento e esse nível deve avançar em mais cinco pontos percentuais até dezembro se for confirmada a expectativa de queda de 7 por cento nas vendas em 2017. Níveis maiores de desocupação foram registrados pelo setor apenas nos anos de 1980, a conhecida "década perdida". Em 1983, a capacidade ociosa chegou a 43 por cento.

O setor, que tem capacidade de produção de cerca de 100 milhões de toneladas por ano, acumula queda de vendas no mercado interno desde 2015, saindo de um pico de 71 milhões para 52,7 milhões de toneladas em 2016.

"Estamos vendo suave desaceleração da queda nas vendas, o que efetivamente não soluciona de maneira nenhuma a situação dramática que estamos vivendo", disse Penna. "A recuperação nossa, diferente de um grande número de outras atividades industriais, não se dará em 2017 e provavelmente nem em 2018".

Ele afirmou que a expectativa do Snic é que o Brasil perca pelo menos duas posições no ranking de maiores produtores mundiais de cimento do mundo. "Provavelmente, Rússia e Irã vão superar o Brasil em 2017", disse Penna, citando que as produções de ambos os países em 2016, respectivamente, foram de 56 milhões e 53 milhões de toneladas.