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Braskem vê melhora em demanda brasileira por petroquímicos

15/05/2017 15h01

SÃO PAULO (Reuters) - A Braskem está percebendo uma melhora na demanda brasileira por produtos petroquímicos, com destaque para os setores automotivo e de construção civil, afirmou o presidente da companhia nesta segunda-feira.

"A demanda cresceu 5 por cento (do mercado brasileiro no primeiro trimestre). Já dá para notar alguns setores mais otimistas e isso está se traduzindo em aumento de volume concreto, com destaque para setor automotivo", disse o presidente da Braskem, Fernando Musa, em teleconferência com jornalistas.

Ele se referiu especificamente ao aumento das exportações do setor automotivo, que no primeiro quadrimestre deste ano acumula crescimento de 64 por cento sobre o volume embarcado um ano antes.

Musa também comentou sobre o mercado interno de PVC, um dos principais produtos da Braskem e usado em áreas como tubulações residenciais. Segundo o executivo o segmento teve aumento "expressivo" de demanda no primeiro trimestre, "o que é indicação de que mercado de construção civil aos pouquinhos está se recuperando".

A analistas do setor, o executivo afirmou que a Braskem espera elevar volumes de vendas no Brasil no segundo semestre em relação à primeira metade deste ano, diante da expectativa de melhora da economia, o que deverá fomentar a demanda por resinas e outros produtos da companhia.

Mais cedo, o Banco Central informou que o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) teve crescimento de 1,12 por cento de janeiro a março sobre o quarto trimestre de 2016, mas os dados não apontaram para uma retomada linear ou forte da economia.

Apesar da expectativa de aumento de vendas, Musa comentou que a empresa ainda não vai mexer na previsão feita no final do ano passado de crescimento de 2 a 3 por cento na demanda brasileira por produtos petroquímicos neste ano. Ele estimou ainda que o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) nos próximos nove meses no país deve recuar ante o recorde atingido no primeiro trimestre por causa de preços menores dos produtos.

Às 14:55, as ações da Braskem tinham variação negativa de 0,06 por cento, a 33,96 reais, após terem avançado quase 4 por cento na máxima até o momento mais cedo. O Ibovespa tinha acréscimo de 0,5 por cento.

A Braskem divulgou mais cedo lucro líquido não auditado de 1,9 bilhão de reais para o primeiro trimestre, cerca de duas vezes e meia acima do resultado positivo obtido um ano antes, apoiado em fatores que incluíram aumento de preços de resinas no Brasil e redução de despesas financeiras.

O presidente da petroquímica afirmou durante a teleconferência que os spreads petroquímicos, diferença entre os preços de matéria-prima e o produto final, foram "absolutamente excepcionais" no primeiro trimestre, mas que estão se normalizando no segundo trimestre com a partida de novas fábricas em mercados como Estados Unidos.

Questionado sobre as negociações de sua controladora, Odebrecht com credores, Musa comentou que a Braskem vai manter seus planos de investimento independente das discussões do controlador.

Mais cedo, a Reuters publicou que bancos decidiram aumentar a pressão sobre a Odebrecht e que a empresa aceitou entregar aos credores todos os dividendos da Braskem.

O executivo comentou ainda que a empresa tem espaço no balanço para pagamentos de dividendos e novos projetos, mas uma decisão sobre isso depende dos acionistas controladores. Ele citou que a empresa está finalizando estudos sobre nova fábrica nos EUA, algo que será levado ao conselho de administração "em um futuro próximo".

A empresa operou seus equipamentos de transformação de matéria-prima em produtos petroquímicos, conhecidos como crackers, a 95 por cento da capacidade total no primeiro trimestre, 6 pontos percentuais acima da taxa de um ano antes, algo que Musa considera como sustentável nos próximos meses.

E O BALANÇO?

Segundo Musa, auditores da Braskem estão perto de finalizar trabalho sobre o balanço da companhia de 2016 e a expectativa do executivo é que os números da Braskem divulgados até agora não precisem ser revistos.

A empresa adiou em fevereiro a divulgação do balanço auditado do ano passado. Na época, a petroquímica informou que fechou o quarto trimestre de 2016 com prejuízo de 2,637 bilhões de reais.

"O foco (do trabalho dos auditores) está ao redor dos controles internos. A análise envolve procedimentos de 2016 e por isso ainda não podemos ter o número revisado do primeiro trimestre", disse Musa.

"Não temos nenhuma expectativa de ajuste de números em função do trabalho dos auditores", acrescentou. Ele afirmou ainda que a empresa deve divulgar em 18 de maio quando vai entregar a autoridades dos EUA o documento conhecido como formulário 20-F, com as informações financeiras de 2016.

Questionado sobre informações da imprensa do México sobre supostas irregularidades em contrato de fornecimento de matéria-prima junto à Pemex, o presidente da Braskem disse que as investigações internas da companhia não detectaram atos ilícitos fora do Brasil.

Em abril, a Pemex informou que a Procuradoria-Geral mexicana pediu depoimentos de funcionários da petrolífera, além de cópias de contratos entre Pemex, Odebrecht e Braskem.

(Por Alberto Alerigi Jr.)