Dólar sobe e vai a R$3,13 com correção e aversão ao risco no exterior
Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - Depois de cair nos seis pregões anteriores e ir abaixo de 3,10 reais, o dólar fechou a quarta-feira em alta, acompanhando o cenário menos otimista no exterior diante da turbulência política nos Estados Unidos, que alimentou temores de que o presidente Donald Trump possa não ter força para implementar seus planos econômicos e tributários.
O dólar subiu 1,23 por cento, a 3,1337 reais na venda, depois de ceder 3,14 por cento em seis pregões.
Na máxima da sessão, a moeda norte-americana atingiu 3,1357 reais. O dólar futuro tinha alta de 1,05 por cento no final da tarde.
O movimento de busca por proteção se estendeu pelos mercados financeiros internacionais nesta sessão após notícias de que Trump pediu ao ex-chefe do FBI James Comey para encerrar a investigação da agência sobre os laços entre o antigo conselheiro da segurança da Casa Branca Michael Flynn e a Rússia.
Além disso, ele foi acusado de ter passado informações confidenciais à Rússia.
"Trump perde poder de fogo nas negociações com o Congresso", afirmou o economista da corretora Guide Ignácio Crespo Rey.
No exterior, o dólar caía ante uma cesta de moedas, mas subia ante divisas de países emergentes, como o rand sul-africano e os pesos chilenos e mexicano.
"O mercado começa a colocar em xeque o que ele prometeu nas eleições", afirmou o operador da corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado.
O lado doméstico esteve em segundo plano nesta sessão, embora o mercado continuasse entusiasmado com a perspectiva de aprovação da reforma da Previdência.
"As notícias recentes têm sido mais positivas, o governo está avançando nas negociações, o presidente (Michel) Temer tem bom diálogo com o Congresso e vem concedendo medidas", afirmou Crespo Rey.
Na avaliação de alguns profissionais, no entanto, é importante o governo não ceder mais na reforma, para não desfigurar totalmente o texto e azedar os ânimos dos investidores. Na véspera, o governo assinou medida provisória com concessões aos débitos dos municípios e Estados com o INSS.
O Banco Central vendeu integralmente a oferta de até 8 mil swaps cambiais tradicionais --equivalentes à venda futura de dólares-- para rolar os contratos que vencem em junho, que totalizam 4,435 bilhões de dólares. Ao todo, já foram rolados cerca de 800 milhões de dólares.
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