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Holandesa Adyen quer tomar espaço de rivais em cartões no Brasil

17/05/2017 17h04

Por Aluísio Alves

SÃO PAULO (Reuters) - O serviço puro de processar pagamentos eletrônicos virou uma commodity e as empresas do setor precisarão mostrar valor aos seus clientes se quiserem sobreviver, disse o vice-presidente da holandesa Adyen para a América Latina, Jean Christian Mies.

No ano passado, a Adyen, que chegou ao Brasil em 2011, processou o equivalente a 22 bilhões de reais em pagamentos no país, o dobro do ano anterior e "o plano é dobrar neste ano e nos próximos", disse Mies à Reuters.

Em comparação, a líder do setor, Cielo, teve crescimento de 6,7 por cento nas transações processadas em 2016, mas com um volume 26 vezes maior, de 585 bilhões de reais.

As declarações de Mies acontecem no momento em que o Banco Central lidera um ciclo de reformas nas regras do mercado de meios de pagamento, com intenção de ampliar a concorrência e reduzir os juros elevados praticados no setor.

Depois de vários anos de crescimento acelerado, o setor de meios de pagamento vem enfrentando desde 2015 uma forte desaceleração, refletindo um mix de recessão econômica no país e a entrada de novos competidores. Hoje são cerca de 15 adquirentes no mercado brasileiro, e novas empresas podem entrar no mercado nos próximos meses.

Além de ter criado um limite para o financiamento da fatura do cartão de crédito pelo rotativo, a partir de abril, o Banco Central já sinalizou que estuda mudanças na atuação das adquirentes, como a redução do prazo para repasse dos recursos das vendas para os lojistas, hoje em 30 dias, para até 2 dias.

A avaliação de especialistas do mercado é de que as adquirentes de maior parte, como Cielo, Rede, do Itaú Unibanco; e GetNet, do Santander Brasil, por estarem ligadas a grandes instituições financeiras, teriam maior fôlego para lidar com uma mudança como essa.

Para Mies, no entanto, a Adyen não seria diretamente afetada, dado que quem processa a parte financeira das transações é seu parceiro, o Banco Bonsucesso.

Criada em 2006, a Adyen se apresenta como uma fintech, apelido dado a empresas com base tecnológica que prestam serviços financeiros, porém não ligadas a grandes bancos. Ela tem entre os acionistas o fundo soberano de Cingapura Temasek e o fundo de private equity General Atlantic.

Internacionalmente, a Adyen compete com rivais mais estabelecidas como Worldpay e PayPal. No ano passado, a Adyen viu a receita subir 99 por cento, a 727 milhões de dólares, e espera que ela dobre novamente neste ano, inclusive no Brasil, alcançando 1,5 bilhão de dólares.

Segundo Mies, parte desse crescimento é explicado pela oferta de um serviço integrado que, além da adquirência, inclui ferramentas antifraude, gateway e conciliação de pagamentos, produtos que suas principais rivais normalmente subcontratam de terceiros.

Na lista de clientes da Adyen estão grandes empresas que ofertam serviços na Internet como Airbnb, Booking.com, Spotify, Uber, Facebook, Twitter, LinkedIn e Netflix, que atravessam rápida expansão nas Américas e na Ásia.

Além delas, a Adyen atende nomes locais como a livraria Saraiva, as empresas de comércio eletrônico Netshoes e Dafiti e o Magazine Luiza.

Embora mais recente, a operação brasileira é uma das maiores da Adyen, com cerca de 40 dos 500 funcionários da empresa no mundo todo.