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Engevix cancela contratos da hidrelétrica São Roque e busca sócio para retomar obra

17/07/2017 13h29

Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) - A empreiteira Engevix cancelou todos os contratos de venda da energia da hidrelétrica de São Roque, que está sendo construída em Santa Catarina e havia comercializado sua produção antecipadamente com uma série de distribuidoras de eletricidade em um leilão promovido pelo governo federal ainda em 2011.

Com o cancelamento aceito por distribuidoras que sofrem com um excedente de energia contratada no mercado regulado, a Engevix buscará fechar novos contratos a preços melhores no mercado livre de eletricidade, onde grandes consumidores, como indústrias, podem fechar a compra de energia diretamente junto a fornecedores.

Ao mesmo tempo, a empresa ainda busca sócios para retomar as obras do empreendimento, que foram paralisadas no ano passado meio à crise financeira enfrentada pela Engevix desde seu envolvimento em denúncias investigadas por autoridades na Operação Lava Jato, que descobriu um enorme esquema de corrupção entre empreiteiras, estatais e políticos brasileiros.

"A descontratação da energia nada tem a ver com a implantação do projeto em si, para o qual estão sendo buscados novos parceiros. As negociações nesse sentido estão bastante avançadas, prevendo-se para breve a plena retomada das obras", disse a empresa em nota.

"Com essa descontratação, a totalidade da energia a ser produzida pela UHE São Roque restou livre para ser comercializada no mercado livre por tarifas melhores (que as obtidas nos contratos com as distribuidoras)", completou a empreiteira.

De acordo com a Engevix, a construção tem avanço físico de cerca de 80 por cento, e a empresa tem tomado medidas para preservar as instalações enquanto a obra está parada.

Prevista para operar com cerca de 135 megawatts em capacidade instalada, a hidrelétrica em Santa Catarina tem investimentos estimados em mais de 700 milhões de reais.

A Engevix tem buscado há meses interessados na aquisição do empreendimento. A Reuters publicou em fevereiro que a empresa esperava fechar negócio com algum investidor em até quatro meses.

A rescisão dos contratos da hidrelétrica com as distribuidoras foi viabilizada por meio de um mecanismo para descontratações operacionalizado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

O mecanismo da CCEE para reduzir contratos por meio de acordos bilaterais entre geradores e distribuidoras teve como objetivo reduzir sobras de energia contratada pelas concessionárias após uma queda na demanda por eletricidade no Brasil em 2015 e 2016, em meio à crise econômica no país.

A rescisão dos contratos com as distribuidoras livra a Engevix de pesadas multas que seriam devidas a essas empresas em caso de atraso na entrega da hidrelétrica. Por outro lado, com a opção a empresa deixa de lado contratos de longo prazo e com receita estável e agora terá que negociar contratos por conta e risco no mercado.

Após a Lava Jato, a Engevix tem passado por um processo de reestruturação e reorganização que inclui a adoção de um programa de integridade e o uso do nome "Nova Engevix".