Temer cobra de líderes da base que defendam o governo
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer cobrou de líderes da base aliada que não fiquem calados e façam a defesa de seu governo, em um café da manhã no Palácio da Alvorada, nesta quarta-feira.
Em um discurso inicial, Temer desfiou dados positivos do governo, especialmente na área econômica, e reforçou que a "ladainha" precisa ser repetida para que as pessoas entendam.
"Então eu pediria que incentivem nossos deputados e senadores, onde estejam, para fazer um discurso de rebate. Porque muitas vezes a pessoa vai para um lugar, ouve uma coisa negativa e fica quieta, fica em silêncio. Não pode se aquietar. Veja nosso exemplo, nós não nos aquietamos", cobrou.
Em uma referência indireta às investigações por corrupção que tem atingido a ele e a seu partido, Temer afirmou que questões de "outra alçada" não podem "embaraçar o governo".
Cada vez mais próximo das eleições de 2018, Temer tentou reforçar a ideia de que defender o governo ajudará e não prejudicará candidatos. O que é da alçada do governo e da base disse, "é produzir até abril ou maio do ano que vem um governo tão produtivo que aqueles que forem para as eleições possam dizer eu fiz isso, isso, conseguimos isso e mais aquilo".
O presidente citou diretamente os riscos de não apoiar o governo. Afirmou que nas últimas eleições --para prefeito, em 2016-- muitos dos que não defenderam o governo foram derrotados.
"Aqueles que falaram a favor de um governo reformista ganharam a eleição. A corrente popular não é em nosso desfavor. Penso que é em nosso favor. Se não é, ao menos compreende o que está acontecendo", disse.
De acordo com as últimas pesquisas, apenas 5 por cento da população aprova o governo de Michel Temer. Além disso, segundo o último levantamento DataFolha sobre o tema, 71 por cento são contrários à reforma da Previdência, um dos temas centrais do governo.
Temer também pediu que os deputados votem as reformas. Segundo o presidente, as mudanças que foram feitas na proposta na Comissão da Câmara são suficientes para aprovar o texto e as pessoas já estão entendendo a necessidade das mudanças. "Temos que deixar essa marca do governo", disse.
Ao sair do café da manhã, o ministro dos Transportes, Maurício Quintella, admitiu que a base está desmobilizada, especialmente pela proximidade das eleições e pela necessidade de reforma política, mas que é preciso retomar a discussão das reformas.
"É preciso reorganizar a base, votar a reforma tributária, que é menos polêmica, e voltar a discutir a reforma da Previdência", disse. "A expectativa é que outubro ou novembro seja possível avançar, se não na reforma da Previdência ideal, a possível."
(Por Lisandra Paraguassu; reportagem adicional de Silvio Cascione)
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