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Bradesco vai privilegiar "prata da casa" na escolha de novo presidente, diz Trabuco

11/10/2017 16h30

Por Aluisio Alves

SÃO PAULO (Reuters) - O Bradesco privilegiará a "prata da casa" ao nomear o próximo presidente-executivo, disse nesta quarta-feira o atual ocupante do posto e novo presidente do conselho de administração do banco, Luiz Carlos Trabuco.

"Parte da cultura do Bradesco é privilegiar a prata da casa no processo sucessório", disse Trabuco a jornalistas, uma dia após o repentino anúncio de renúncia de Lázaro Brandão da presidência do conselho do Bradesco.

Trabuco acumulará as posições até março, quando a próxima assembleia do Bradesco indicará o novo presidente-executivo, e ele passará a se concentrar na presidência do conselho.

Na prática, a mudança estatuária feita em 2016, que elevou de 65 para 67 anos a idade limite para ocupar a presidência-executiva do banco será parcialmente utilizada, já que Trabuco terá 66 anos quando deixar o cargo.

Sem detalhar datas, ambos indicaram que o banco pode usar o prazo regulamentar do Banco Central, que exige antecedência mínima de 30 dias na divulgação do nome que será submetido à votação dos acionistas para ocupar o cargo de presidente.

Simultaneamente aos preparativos para a troca do comando executivo, o Bradesco também avalia uma mudança estatutária que pode elevar o número de assentos no conselho, dos oito postos regulamentares, eventualmente incluindo um membro para tratar com mais ênfase dos riscos do negócio, sinalizou Trabuco. Até março, o colegiado terá sete membros.

SURPRESA?

Embora o processo sucessório no Bradesco seja um assunto há tempos conhecido do público, o momento do anúncio surpreendeu até mesmo pessoas próximas da alta administração do banco.

"Vocês acharam que foi surpresa?", perguntou Brandão a jornalistas.

Brandão, executivo que ajudou a criar o Bradesco e o segundo presidente-executivo do banco, sucedendo o fundador Amador Aguiar, disse que o tema do próximo presidente do banco vinha sendo pensado desde março último e desde então foi amadurecido.

No entanto, o nome efetivo do próximo comandante do grupo ainda não foi definido.

"O Bradesco tem condições de escolher o nome dentro do seu atual quadro diretivo", afirmou Trabuco, quarto presidente do banco desde que a instituição surgiu em 1943.

BOLSA DE APOSTAS

Se mantiver o padrão usado nas transições anteriores, o banco tenderia a eleger o presidente-executivo dentre um de seus sete vice-presidentes executivos atuais.

Destes, dois foram nomeados neste ano, Octavio de Lazari, que comanda o braço de seguros do grupo, e André Cano, responsável pela área de recursos humanos. Entre executivos do setor bancário, são vistos como candidatos menos prováveis.

Dentre os demais, Domingos Abreu tem a seu favor o fato de ser responsável pelo crédito, negócio-chave do banco. Terá 59 anos na próxima assembleia do Bradesco.

Também com 59 anos, Maurício Minas tem sido apontado há anos como um forte candidato a suceder Trabuco, especialmente por ser responsável pela área de tecnologia, que tem liderado algumas das apostas mais importantes do banco, quase todas na área digital. Minas também teve papel relevante na integração operacional do HSBC.

Por ser responsável pela área de relações com investidores, Alexandre Glüher, de 56 anos, é um candidato natural. Tem no currículo um Programa Executivo Internacional numa universidade internacional, The Wharton School, incomum entre executivos mais graduados do banco.

Josué Pancini, também com 56 anos, é responsável pela rede de atendimento, e tem nome citado como postulante.

Mais jovem da equipe, com 52 anos, Marcelo Noronha é vice-presidente há dois anos, sendo responsável pela área de meios de pagamentos.

Fora deste escalão, um nome visto por executivos de bancos rivais como um profissional que está sendo preparado para ocupar cargos maiores no Bradesco é Romulo Dias. Hoje com 56 anos, Dias deixou no ano passado a presidência da empresa de meios de pagamentos Cielo, da qual o Bradesco é sócio, para ser diretor executivo no conglomerado financeiro.