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Airbus assume controle do programa CSeries da Bombardier e pode evitar sobretaxa dos EUA

17/10/2017 11h07

MONTREAL/PARIS (Reuters) - A Airbus comprará uma participação majoritária no programa de jatos CSeries da Bombardier, dando um poderoso impulso para a fabricante canadense de aeronaves e trens em sua custosa disputa comercial com a Boeing.

O maior grupo aeroespacial da Europa terá uma fatia de 50,01 por cento no programa sem custo inicial, em troca de apoiar uma aeronave que ganhou fãs por sua eficiência de combustível, mas poucas encomendas recentes devido a dúvidas sobre o futuro.

Enquanto a Bombardier perderá o controle de um programa de aviação desenvolvido a um custo de 6 bilhões de dólares, o acordo propicia melhor economia de escala para o programa CSeries, melhor rede de vendas e, fundamentalmente, pode mudar o equilíbrio de força na disputa comercial com a Boeing.

O Departamento de Comércio dos EUA ameaçou com uma possível sobretaxa de 300 por cento sobre as importações de jatos da CSeries, depois que a Boeing se queixou que a Bombardier recebeu subsídios ilegais e praticou dumping na venda das aeronaves.

O acordo com a Airbus agora permite que os jatos CSeries sejam construídos na fábrica de montagem da Airbus no Alabama, contornando as tarifas nas importações dos EUA.

"A montagem nos Estados Unidos pode resolver o problema (tarifário) porque se torna um produto doméstico", disse o presidente-executivo da Bombardier, Alain Bellemare, a repórteres na sede da Airbus em Toulouse.

A Bombardier, que não garantiu uma nova ordem em 18 meses para o avião de 110 a 130 assentos, disse que a parceria deve dobrar o valor do programa CSeries.

A Embraer, que compete com a Bombardier no mercado de aeronaves entre 100 e 150 lugares, bem como no mercado de jatos regionais menores, disse que o acordo ressalta as grandes oportunidades no segmento.

Em comentários enviados à Reuters, a empresa disse que vai continuar empenhada em manter a liderança no mercado de aeronaves com capacidade de 100 a 150 passageiros, e continuará lutando contra os subsídios à empresa canadense.

As ações da Embraer operavam em forte queda nesta terça-feira na bolsa paulista, com recuo superior a 3,5 por cento.

A Boeing, que está em uma disputa comercial de 13 anos com a Airbus, aparentemente foi pega de surpresa pelo acordo. A empresa norte-americana classificou o acordo como um "negócio questionável" entre seus dois concorrentes que recebem subsídios.

(Por Allison Lampert e Tim Hepher)