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Ao STF, defesa de Joesley diz que rescisão de delação seria "desproporcional"

19/02/2018 15h23

BRASÍLIA (Reuters) - A defesa do empresário Joesley Batista afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que uma eventual rescisão do acordo de delação premiada, requerida ainda pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, seria "desproporcional".

Os advogados de Joesley alegam que não há motivo para a quebra do acordo pela suposta omissão de apenas dois fatos diante do que consideram a maior colaboração premiada do país, feita pelo empresário, um dos dirigentes da holding J&F, que controla a JBS, até ser preso em setembro.

"Não resta dúvida quanto à ampla colaboração do peticionário, pois como ésabidotrouxeà baila centenas de fatos,submeteu-se a açãocontrolada, gravou autoridades do mais alto escalão da República, trouxe farta prova documental (planilhas identificando autoridades, políticos e agente públicos) e segue colaborando com a Justiça emseus depoimentos", disse a defesa.

Para a defesa, Joesley cumpriu substancialmente o acordo e, por essa razão, ele deve ser mantido ou, no limite, renegociado, nunca rescindido.

"Aliás, isso sedenomina recall e deve sera solução para que o próprio instituto dacolaboração premiada não seja posto em risco", argumentou a defesa.

Os advogados dizem que a manifestação da PGR é contraditória, porque pede a rescisão do acordo por dois supostos fatos, mas reconhece que foram muitos ilícitos trazidos ao Ministério Público pelo empresário.

"De acordo com a teoria do adimplemento substancial, o que se poderia impor ao peticionário seria uma indenização pela suposta faltade adimplemento parcial, mas nunca a rescisãodo acordo, porque o dano imposto seria desproporcional", destacou, citando investigações no Supremo e em outras instâncias.

A defesa apresentou um requerimento com 10 pedidos para elucidar o caso, dentre eles o depoimento do delegado da Polícia Federal Cleyber Malta Lopes, responsável pelo chamado inquérito dos portos que investiga o presidente Michel Temer, e de Janot.

(Reportagem de Ricardo Brito)