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ENTREVISTA-Estácio abre turmas de ensino médio no RJ de olho em crescimento orgânico

22/02/2018 15h55

Por Gabriela Mello

SÃO PAULO (Reuters) - A Estácio Participações abriu neste ano turmas de ensino médio em oito unidades do grupo localizadas no Rio de Janeiro, dando a largada em um projeto piloto para expandir as operações além dos cursos de graduação e pós-graduação presenciais e à distância.

"Colocamos em pé essa nova unidade de negócio que terá crescimento 100 por cento orgânico... Temos toda a estrutura, então investimos apenas em professores e inspetoria, o que entrar vai ser receita incremental", afirmou à Reuters o presidente da segunda maior empresa de ensino superior do país, Pedro Thompson.

Além de desenvolver atividades que agreguem receita, a companhia busca com a abertura de turmas de ensino médio otimizar a ocupação dos campi, que segundo o executivo gira em torno de 20 a 25 por cento nos períodos matutino e vespertino, e de 75 a 80 por cento no noturno.

"Estamos plantando a semente para daqui a cerca de dois anos transformarmos esse negócio em uma unidade parruda", comentou o executivo, acrescentando que o plano do grupo é também ingressar futuramente nos ensinos fundamental e infantil.

Por ora, a Estácio disponibilizará ensino médio convencional e profissionalizante em oito unidades no Rio de Janeiro, Grande Rio e Cabo Frio, tendo como foco alunos da classe C ao cobrar um tíquete médio de 600 a 700 reais.

Às 13:53 (horário de Brasília), as ações da Estácio subiam 1,2 por cento, cotadas a 33,71 reais, enquanto o Ibovespa tinha variação positiva de 1,2 por cento. Em 2018, as ações da empresa acumulam ganho de quase 3 por cento.

A entrada da companhia em educação básica ocorre num momento em que a rival Kroton Educacional busca crescer nesse fragmentado segmento via aquisições de escolas premium com mensalidades de 1.200 reais ou mais.

Dentro da estratégia de crescimento orgânico da Estácio, Thompson afirmou que o grupo se beneficia do novo marco regulatório para abertura de polos EAD - foram protocolados aproximadamente 150 novas unidades entre 1º julho e 31 de dezembro de 2017 - e ainda pretende retomar a abertura de novas unidades presenciais de ensino superior.

"Já temos 10 projetos em greenfield e a ideia é engordar o pipeline...Ficamos tímidos nisso por questões exógenas", disse o executivo, referindo-se ao processo de fusão com a Kroton, rejeitado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em 28 de junho do ano passado.

Conforme Thompson, o acordo manteve a companhia focada desde o segundo semestre de 2016 em melhorar gestão operacional, elevando margem Ebitda e geração de caixa. Agora a empresa iniciou uma segunda etapa de consolidar os resultados obtidos e adotar decisões para melhorar a performance de longo prazo, disse o presidente.

Essa nova fase da Estácio pode ser sucedida por movimentos de consolidação no setor. "Acho difícil no curto prazo fugirmos de aquisições em ensino superior", contou Thompson, destacando que a empresa deve se concentrar em acordos envolvendo instituições com mais de 20 mil alunos.